A viagem estava apenas começando. Eram cerca de 8h e o ônibus da empresa Borborema deixava o terminal do Cais de Santa Rita, no Centro do Recife. Na parada seguinte, um adolescente com 15 anos entrou no veículo pela porta de trás. Abriu o alçapão do teto e tentou seguir destino sobre o coletivo. Com uma garrafa plástica supostamente contendo cola de sapateiro em mãos, chorou e ameaçou se jogar do ônibus. Daí em diante, o resgate do jovem foi captado passo a passo pelas lentes do fotógrafo Paulo Paiva, do Diario. Cenas urbanas de uma metrópole onde a cola de sapateiro é usada como droga para entorpecer os mais jovens e mais pobres.
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PM aponta arma para adolescente que ameaçava se jogar de ônibus
Jovem de 15 anos ameaçou se jogar no centro do Recife e polícia chegou a usar spray de pimenta para contê-lo
Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), o motorista do ônibus, que fazia a linha Jardim Piedade, cortou luz para a Polícia Militar quando percebeu a presença do adolescente sobre o coletivo. Policiais militares tentaram convencer o jovem a descer, mas sem sucesso. Nesse momento, um passageiro saiu de dentro do veículo e aproximou-se do desconhecido. Possibilitou o início de sua mobilização. Em seguida, um PM também subiu no coletivo.
A ação policial resultou no encaminhamento do adolescente, em suposto surto, para o Hospital Ulysses Pernambucano, na Tamarineira. Mas foi criticada por contar com o uso de spray de pimenta para imobilizá-lo. A PM alegou que somente conseguiu conter o adolescente após o uso do produto. Em uma das cenas captadas, um PM também é visto apontando uma arma para o adolescente quando ele ainda estava sobre o ônibus.
“Diante da necessidade de contenção do menor, por pelo menos seis pessoas, haja vista que o mesmo estava ‘fora de controle’, sobre um coletivo e ameaçando jogar-se, com indícios de ter usado substância entorpecente, foi utilizado o spray de pimenta, momento em que foi possível a contenção e condução do menor ao Hospital Ulysses Pernambucano”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa da PM.
Coordenador executivo do Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social (Cendhec), Ricardo Oliveira considerou o uso do spray desnecessário na situação. “O produto não serve para contenção e sim para evacuação. É usado para as pessoas se afastarem, não avançarem. Por exemplo, se tem uma força policial protegendo um patrimônio e um grupo prestes a invadi-lo, o spray é usado para as pessoas não se aproximarem. Tratando-se de um adolescente, a orientação é segurá-lo. O spray vai deixar a pessoa ainda mais agitada, com dor”, pontua.
No hospital, o adolescente informou o nome. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (SES), chegou muito sonolento devido ao suposto uso da cola, foi medicado e dormiu. Essa seria a primeira entrada do jovem na unidade, destinada ao atendimento de emergência de pessoas com transtorno mental. Até o final do dia, familiares não tinham se apresentado no hospital. A equipe multidisciplinar do Ulysses Pernambucano ficou responsável por coletar mais dados do paciente, como endereço e nomes de familiares. Por enquanto, sua origem é uma incógnita.
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