Vida Urbana

A ciência contra o mosquito

Instituições de pesquisa unem esforços mais céleres e eficazes de diagnosticar e combater o Aedes aegypti, transmissor dozZika, da dengue e chikungunya

Pesquisadores de vários centros estão fazendo uma força-tarefa para estudar os malefícios do mosquito. Foto: Paulo Paiva/DP

As frentes de pesquisa foram divididas em ações de curto, médio e longo prazo. A primeira se divide em desenvolvimento de plataformas virtuais inteligentes para mapeamento das doenças ligadas ao zika vírus, criação de kits de diagnóstico e validação, instrumentos de controle de vetor e estudos epidemiológicos. “Alguns trabalhos já estão encaminhados e outros, no início. É preciso criar a força-tarefa porque estamos em contato com uma nova doença, em estado de emergência, cujo vetor, o Aedes aegypti, é dificil de ser erradicado. Temos as condições climáticas e urbanas ideais para ele se desenvolver. A médio prazo, temos que combater o zika vírus”, afirma o gerente de clusters produtivos, fármacos, medicamentos e biociências da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, César Andrade.

 Já a segunda frente de combate às novas endemias se refere ao desenvolvimento de vacinas, que em geral precisam de um mínimo de dez anos, entre o tempo de pesquisa e de teste em pacientes. A vacina contra o vírus da dengue, por exemplo, está na fase 3 e só foi liberada pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo estado de emergência ligado ao zika vírus e à microcefalia.

Para entender as demandas, competências e necessidades das instituições pesquisadoras, a Secti reuniu todos os cientistas, quando foram solicitados detalhes dos trabalhos e respectivos orçamentos, para que o estado possa ter noção do montante para desenvolver as pesquisas. “A pasta irá, nesta semana, conversar com o Ministério de Ciência e Tecnologia para agilizar o fomento”.

Monitoramento - Ontem, o prefeito Geraldo Julio disse que vai se reunir, hoje, com o secretário de Saúde, Jailson Correia, e representantes dos envolvidos nas 44 ações do Plano de Enfrentamento ao Aedes aegypti. “Vamos começar a aprimorar as ações de atendimento às crianças com microcefalia e às gestantes”. Ele também disse que não recebeu recursos da União.

Tire dúvidas

Fórum realizado hoje no Recife reúne especialistas para tirar dúvidas sobre o zika vírus. Infectologistas, obstetras e neuropediatras respondem a perguntas sobre a doença em conferência acessível pela internet das 9h às 12h. Você pode acessar em zikavirusmitoseverdades.com.br.

Pesquisa para teste rápido está avançada

Uma das pesquisas de diagnóstico da presença do zika vírus no corpo humano já está em fase avançada. O nome do teste é Elinor, capaz de averiguar a presença do vírus tanto pelo sangue quanto pelo tecido humano. “O kit Elinor é uma técnica de detecção molecular, como o exame PCR, em que se extrai o DNA do paciente. É capaz de informar se o paciente tem zika vírus, dengue, chikungunya ou influenza através da mudança de coloração das lâminas com material do paciente, em três horas”, explica o pesquisador 1A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Celso Melo, professor titular do Departamento de Física da UFPE e membro da Academia Brasileira de Ciências.

O trabalho, já patenteado, está bem encaminhado, diz, porque o teste já era desenvolvido por equipe multidisciplinar para diagnóstico rápido do vírus HPV e da Leishmaniose. “Temos resultados promissores para as duas doenças e o resultado sai em minutos. Se o governo achar adequado, temos condições de usar o método para diagnosticar o zika vírus, a dengue, a chikungunya e a influenza”.

Segundo Celso, o teste de sorologia tem mais limitações que o exame molecular, porque o sorológico só consegue detectar o vírus após sete dias com a doença. “Do ponto de vista do paciente e da confiabilidade, o mais indicado é um exame molecular. A confiabilidade do Elinor para HPV e Leishmaniose, na primeira versão, é de 75% a 80%. A pretensão é de que na segunda versão chegue a 90%”, detalha.

Com os devidos recursos liberados, ele disse que em seis meses consegue desenvolver o kit diagnóstico para zika, dengue, chikungunya e influenza. “Estou disposto a submeter a proposta para um comitê governamental para analisar meus métodos de pesquisa”, disse Celso Melo.

Os estudos

Frentes de combate contra o Aedes aegypti, zika vírus e microcefalia

Ações de curto e médio prazo

Plataformas inteligentes

Métodos virtuais para auxiliar

no mapeamento de casos de

microcefalia e do zika vírus ao

longo do estado e, numa segunda etapa, a nível de Brasil

Instituições desenvolvedoras:

Porto Digital, UFRPE e Aggeu

Magalhães (UFPE)

Kits de diagnóstico

e validação 

geração novas plataformas para diagnóstico claro, rápido e preciso.

Instituições desenvolvedoras: UFPE e Fiocruz

Controle do vetor

desenvolvimento de novos

larvicidas e processo de

esterilização do mosquito,

para acabar com a redução

da população do mosquito

Instituição desenvolvedora: 

IPA

Estudos epidemiológicos

Pesquisa que vincula o zika vírus à microcefalia e busca evidências no processo de má formação/

calcificação do crânio

Instituições desenvolvedoras:

Fiocruz e Aggeu Magalhães (UFPE)

Desenvolvimento de

vacinas para

o zika vírus

*Linha de prevenção

Fonte: Secretaria estadual de Ciência,

Tecnologia e Inovação.

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...