Vida Urbana

Fotógrafo retrata bicicletas no universo do trabalhador

Paulo Sultanum registrou durante dois anos imagens das bikes de trabalhadores que usam o veículo como meio de transporte ou serviço

Cenas foram registradas em 13 municípios entre a Zona da Mata e o Agreste. Foto: Paulo Sultanum/Divulgação

Existe um  contingente de pessoas que usa a bicicleta como meio de transporte muito antes de ser posta como alternativa nas discussões de mobilidade urbana. Quase invisíveis na massa nervosa do trânsito das grandes cidades, os “ bicicleteiros”, como são comumente chamados, são por direito os primeiros cicloativistas em prol de uma mobilidade limpa, ainda que com uma resistência quase insconsciente. Foi essa invisibilidade, característica ao que é comum e popular, que despertou o olhar do fotógrafo Paulo Sultanum. Durante dois anos, ele registrou em imagens a rotina de personagens desconhecidos e dos diferentes usos que eles dão às suas bicicletas. O resultado foi compilado no livro Pernambuco correia virada, que será lançado nesta terça às 19h, no Porto Mídia, do Porto Digital, no Bairro do Recife. 


Como observou o arquiteto e urbanista Cristiano Borba, que assina a introdução do livro, esse “é um projeto bem bonito”, porque explora, nos eixos plástico e documental, a apropriação popular, a relação dos usuários com o ambiente, a cidade, o trabalho, a família e o dia a dia dessas pessoas e suas bicicletas. “Você encontra o documental, o artístico, o antropológico e o urbano. São várias sobreposições na mesma obra”, resume o urbanista. Paulo Sultanum possui uma relação com a bicicleta desde criança, quando já era usava diariamente o modal. Quando morou em San Francisco, na Califórnia (EUA), onde nasceu o movimento Critical Mass (Massa Crítica), que vincula o ciclismo à luta política, seu estreitamento com a “magrela” aumentou. 

Pernambuco correia virada tem a curadoria e concepção gráfica do pesquisador e fotógrafo José Afonso Júnior e do designer Raul Kawamura. Para José Afonso, a bicicleta não é só um meio de transporte. É também uma forma de comunicação e expressão, assim como a fotografia. “À medida que se desloca, leva e traz, imprime o registro das subjetividades que colocam em cena o corpo, a expressão individual e a conexão com o coletivo de quem a usa. A fotografia revela muito a respeito de quem a fotografa. A bicicleta carrega sobre duas rodas não apenas o seu dono, mas o ciclo do usuário”.
 

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