Vida Urbana

Qualidade dos lanches nas escolas em debate

Alimentação saudável é sugerida por escolas e pais começam a mudar os antigos hábitos. Sucos de caixa, refrigerantes e biscoitos estão sendo substituídos.

 

Uma lancheira escolar com batata-doce, banana-da-terra e granola caseira gerou debate nas redes sociais. A foto dos alimentos, postado pela nutricionista e apresentadora de tv Bela Gil, foi elogiada e criticada pelos seguidores na mesma medida. Em Pernambuco, as mães começam a mostrar preocupação com a obesidade infantil e com o que há dentro da lancheira dos filhos.  

Raiana de Oliveira, mudou a lancheira da filha para melhor com orientação da escola.

A estudante Raiana de Oliveira, 20, por exemplo, começou a mudar os lanches da filha depois que a escola, o Centro de Desenvolvimento Criança (Cedec), lhe enviou um cardápio semanal com alimentos saudáves. “Meu lanche quando era criança sempre foi ‘besteira’, biscoito recheado, salgadinho e refrigerante. Comecei a dar a mesma coisa para minha filha de 2 anos e 4 meses levar para escola”, explicou. Raiana ainda não consegue seguir à risca o cardápio que orienta os pais a encherem a lancheira com bolos, sucos, biscoito sem recheio e frutas, mas tenta ao máximo. “Nem sempre tem tudo.”

Segundo a nutricionista da Secretaria de Saúde do Estado, Rejane Barros, a retirada dos biscoitos recheados e do refrigerante são extremamente significativas. “O recheio tem gordura trans, que entopem as veias e artérias a médio prazo. Quanto aos alimentos ultraprocessados, como os refrigerantes e sucos de caxinha, a curto prazo causam a obesidade e posteriormente causam a elevação de colesterol, diabetes e câncer”, explicou.

Para garantir um lanche saudável para o filho Arthur Correia, de 4 anos, o empresário Eduardo Sá, 29, resolveu contratar uma empresa especializada. “No primeiro ano ele levava o lanche. Só porcaria (risos). Biscoito, achocolatado, suco de caixa. Com o serviço, pago quase o mesmo valor pra uma empresa oferecer o lanche correto para meu filho no recreio”, explicou. “A adaptação foi facílima, porque muitos coleguinhas dele também comem a mesma coisa. Diariamente eu pergunto o que ele comeu e se gostou, e sempre recebo uma resposta positiva.”

Artur aprendeu a comer lanches saudáveis com a empresa contratada pelo pai.

Eduardo paga R$140 pelo serviço da ScolaRest, que oferece frutas, sanduiches naturais, tapiocas, cuscuz e sucos naturais para Artur no colégio Damas. Uma nutricionista acompanha os alunos clientes para verificar a aceitação da comida individualmente.

Para gostar de comer saudável

Romeu Reis, de 9 anos, sempre preferiu os lanches saudáveis, mas sentiu uma diferença para melhor quando começou a frequentar a escola em Göttingen, na Alemanha, país no qual vive há um ano. Lá, as escolas tem regras de alimentação rígidas e não permitem a entrada de lancheiras contendo pão branco, iogurte, doces ou balas. Para os menores, não é permitido trazer bebidas de casa.

 

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“Ele reclama se não tem uma fruta na lancheira. Mas gosta de tudo, dos cereais, da tapioca. Na minha família sempre tivemos o hábito de comer bem”, explicou a mãe de Romeu, Germana Uchoa, 43. Para a nutricionista Rejane Barros, ver o exemplo nos pais é a maneira mais eficiente de levar as crianças a comer bem. “É uma maneira muito forte de rebater o ‘beba refrigerante’ dito em tanta propaganda”, avaliou.

Outra forma de estimular a alimentação saudável é o que faz a escola EccoPrime, em Aldeia. Na cantina da escola, não é possível encontrar refrigerantes, frituras nem produtos industrializados. No lanche coletivo dos alunos até cinco anos, há cardápios especias para quem tem restrições e receitas estratégicas para levar os alunos a gostarem de comer os alimentos saudáveis que rejeitam.

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