Vida Urbana

Asfalto, terra e lama

A Imbiribeira engana. Ao entrar no Recife pelo portão Sul, para quem

circula pela Estrada da Batalha, o pensamento é de estar pisando no bairro

de localização do Aeroporto do Recife. A grandeza do aeroporto encobre a

timidez dos prédios colados à pista direita da Avenida Mascarenhas de

Morais, construída em terras de Boa Viagem. Por isso, delimitar a

Imbiribeira pede atenção. Boa Viagem termina, seguindo a avenida, metros

adiante do segundo viaduto de acesso ao aeroporto. Esse é um detalhe

invisível do bairro, enquanto o pavimento em placas de concreto da

Mascarenhas de Morais, não.  A pista em cimento, com ares de maravilha aos

viajantes vindos da BR-101, integra uma das contradições da Imbiribeira.

Ela difere bastante da qualidade de outros pavimentos do bairro. Em ruas

interligadas à avenida nem calçamento existe. Nem drenagem. Inclua na

lista a Arthur Lopes, de terra batida e movimento intenso de carros devido

a empresas. Endereços mais afastados da Mascarenhas de Morais reforçam tal

contradição. Conhecê-los é fácil. Basta caminhar entre a Estação Antônio

Falcão, do metrô, e a Avenida Dom João VI, às margens do Canal do Jordão.

Nesse miolo, quase uma dezena de ruas jamais teve asfalto ou

paralelepípedo. Se teve pavimento, o registro se perdeu no tempo. Pise na

Rua Adalberto Marroquim. E prove.

Molhe os pés...

Atravessar a Rua Harry Leça, nestes dias de inverno, na Imbiribeira,

equivale à aventura em um charco. Elo entre as ruas Arthur Lopes e Dona

Alda de Andrade, o logradouro se divide em grandes poças. Para não se

molhar, trabalhadores de empresas da área, improvisaram um caminho com

madeira.

...Depósito público

O que ajuda a travessia de trechos dessas ruas são as calçadas de alguns

imóveis ou montes de areia. Esses pontos socorrem os pedestres quando

ninguém resolve transformá-los em depósitos públicos. Na esquina da Rua

Dona Alda de Andrade jogaram peças velhas de madeira e metal.

Pertinho da lagoa

Das localidades da Imbiribeira, a Lagoa do Araçá vale ouro para o mercado

imobiliário, enquanto o piso de ruas do entorno da lagoa, segundo

moradores, foram “esquecidas” pelas autoridades. Sobre terra batida andam

carros e moradores da Avenida Pinheiros e das ruas José Alberto Maia e

Renato Silva.

Quase invisível

De tantos pontos comerciais e de serviços, a arquitetura imobiliária da

Imbiribeira é predominante de fachadas com letreiros e placas luminosas.

Exceções são as raras capelas, presas entre pontos de negócio. Na

Mascarenhas de Morais, 2560, está a de Nossa Senhora de Fátima, quase

sempre fechada.

Fio do passado

Embora prevaleça o concreto, pequenas áreas da Imbiribeira lembram a

origem do nome do bairro, originário da língua tupi e traduzido como

“madeira”, “pau”, “bosque”. O que resiste de verde está em terrenos

particulares e canteiros de ruas e avenidas, como o da Mascarenhas de

Morais, que é a PE-08.

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