Vida Urbana

A difícil mobilidade dos pedestres

Ocupação indevida das calçadas, buracos, lixo e até lama fazem dos deslocamentos diários no Recife um tormento. Assunto é tema de MBA

Buracos e desnível no piso atrapalham o caminhar do pedestre

Os problemas da mobilidade do pedestre e a falta de políticas públicas permanentes estão ocupando cada vez mais as discussões e chegou ao meio acadêmico. Neste sábado (21), será realizada a aula inaugural do MBA em Gestão da Mobilidade Urbana, na Faculdade IBGM, Boa Vista. O gestor institucional da pós-graduação da IBGM, Airton Vasconcelos, destacou que a ideia surgiu com a nova necessidade da sociedade. “Tudo atualmente é voltado para a mobilidade urbana. Um dos objetivos é formar especialistas para contribuir com o setor no Recife a médio prazo”, comentou.


Se agora a sociedade se voltou para a mobilidade é porque o tema foi negligenciado e ignorado por anos. Os problemas começaram bem lá atrás. É o que aponta a arquiteta especialista em acessibilidade e assessora técnica do Conselho de Arquitetura e Urbanismo Ângela Cunha. “O Recife, como todas as grandes cidades do Brasil, não passou por um processo de planejamento e cresceu desordenadamente”, afirmou.

Por isso, que pessoas como a aposentada Marival de Queiroz Amaral, 77 anos, sofrem hoje em dia as consequências do descaso do passado. Moradora da Rua do Espinheiro há dois anos, ela gosta de andar a pé e fazer bem à saúde. Mas seu hábito virou um tormento. “Os carros estacionam nas calçadas, que já são pequenas por causa das árvores, e tenho que andar pelo meio da rua, ficando sujeita a ser atropelada”, lamentou.

Coordenador do MBA da Mobilidade, Ivan Cunha pontuou que há soluções. “Algumas cidades fizeram esforços para utilizar calçadas de forma mais adequada, com a divisão de responsabilidade entre poder público e moradores. São José dos Campos, em São Paulo, é um exemplo.”

No Recife, já se cogitou essa parceria por meio de um estudo de 2014 do Instituto Pelópidas Silveira. A ideia era que condomínios devolvessem espaços às calçadas fazendo um recuo no muro do imóvel e em troca o município bancaria a obra. Mas não chegou a ser implementado. De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento, o estudo está sendo revisado para ser incorporado ao Plano de Mobilidade do Recife, sem data para ser anunciado.


Ações para desobstruir passeios

Há dois anos a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano iniciou a Operação Bairro Legal, que começou por Boa Viagem, na Zona Sul, mas tem sido intensificada em vias da Zona Norte, como Estrada dos Remédios e Avenidas Beberibe, Norte e Abdias de Carvalho. O trabalho consiste, basicamente, na retirada de obstáculos para os pedestres, como pinos de ferro, barracas de comércio irregular, entre outros.

De acordo com a Semoc, desde o início de 2013 até agosto deste ano, os fiscais da secretaria retiraram das calçadas 1422 pinos de ferro e 478 barracas ilegais, entre outros empecilhosa. Além disso, 3.500 notificações por uso indevido do passeio público foram emitidas pela pasta no período. E em maio de 2013, a Prefeitura do Recife anunciou investimento de R$ 20 milhões para recuperar calçadas e construir rampas de acessibilidade. Até agora 40 quilômetros de calçadas foram recuperadas.

A Semoc também tem trabalhado no reordenamento do comércio informal no Centro do Recife. Ao todo, cerca de 500 ambulantes não cadastrados deixaram de ocupar irregularmente o passeio público do centro da cidade. Além disso, os ambulantes cadastrados autorizados a comercializar nas vias, adequaram seus equipamentos de venda e utilizam bancas de um metro quadrado, com o intuito de causar menos danos à mobilidade.

Saiba mais:

Obstáculos retirados das calçadas do Recife desde 2013

1422 pinos de ferro

478 barracas ilegais

494 cavaletes e cones

76 jardineiras/caqueiras

3.500 notificações por uso indevido do passeio público foram emitidas

500 ambulantes não cadastrados deixaram de ocupar irregularmente o passeio público do centro da cidade.

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