Vida Urbana

Show de dança sobre cadeira de rodas

Nina Souza nasceu com uma condição que nunca lhe permitiu andar. Encontrou a felicidade na dança, com performances premiadas sobre a cadeira de rodas

Nina e Rogério se conheceram no grupo de danças Cia Cadências. Fotos: Paulo Paiva/DP/D.A Press

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Com o sorriso ainda tímido, confessa que a atividade melhorou sua comunicação com as outras pessoas. “Depois que comecei, superei meus limites e deixei de ser tão envergonhada”, completa. Além desses benefícios, a dança trouxe outros dois presentes. Durante uma apresentação recebeu uma proposta de trabalho e no grupo onde ensaia, a Cia Cadências, conheceu o amor da sua vida. Rogério Silva, 28, professor de dança popular brasileira. Além de namorado é agora o parceiro de Nina nas apresentações. “Já veio o pacote completo”, brinca a dançarina.

A primeira apresentação em público de Nina aconteceu no carnaval de 2013. Essa foi a única vez em que ela dançou com o triciclo. “A Cadências estava realizando o projeto Frevo sobre rodas e me apresentei na Pracinha de Boa Viagem. Depois disso passei a ensaiar numa cadeira específica para dançar. Ela é mais leve e tem rodinhas de gel. Em abril de 2014, me apresentei no Dançando na rua, na Praça do Arsenal, já usando a cadeira de rodas”, lembra.

Casal participa de apresentações no Recife e ganhou campeonato nacional do final do ano passado

Com o incentivo da diretora e coreógrafa da Cia Cadências, Liliana Martins, ela e Rogério se inscreveram no XIII Campeonato Brasileiro de Dança Esportiva em Cadeiras de Rodas, realizado em Minas Gerais em dezembro do ano passado. Voltaram para casa com o primeiro lugar na categoria para estreantes. “É muito gratificante ver o desempenho e a felicidade de Nina quando ela está dançando”, aponta Rogério.

A dupla se prepara agora para mais uma apresentação, na próxima edição do Dançando na rua, no dia 26, no Recife Antigo. “Além de ensaiar para essa apresentação já estamos pensando no próximo campeonato de dança. Esperamos que seja realizado em Pernambuco. Enviamos solicitação para os organizadores para que as competições aconteçam aqui. Se não houve outro estado inscrito, a disputa será no estado”, cogita Nina.

Os desafios do cotidiano

Ainda bem cedo, todos os dias, Nina Souza deixa sua casa em direção à estação do Metrô. Em cima do seu triciclo e acompanhada da mãe ou do namorado é deixada na plataforma para esperar o trem. Começa aí a aventura para chegar ao trabalho. “Tenho que pegar o metrô indo para Jaboatão e esperar ele fazer o retorno para o Recife. Se não fizer isso, não consigo entrar no trem quando ele chega na minha estação. É uma agonia danada. Muita gente não respeita o espaço dos deficientes. Algumas pessoas chegam a dizer que eu deveria ficar em casa e não estar ali ‘atrapalhando’ os outros”, desabafa.

O triciclo é o companheiro de Nina em casa e também para deslocamento na rua. Foto: Isabelle Marinho/ Esp. DP/D.A Press

Assim como faz na dança, Nina tira de letras os obstáculos que teimam em aparecer na sua frente. “Depois que assisti a uma apresentação de uma dançarina tetraplégica que praticamente não tinha movimento nenhum, pude ver que eu também teria como dançar com as minhas limitações. Nada vai me fazer desistir agora. Vou continuar trabalhando e dançando. Não é porque temos alguma deficiência que devemos ficar em casa esperando o destino”, ressalta.

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