Vida Urbana

Substância tóxica produzida em cemitério no Recife pode estar contaminando poços

Cadáveres sepultados liberam necrochorume, que pode chegar ao lençol freático. Há alto risco de envenenamento para as pessoas e animais

Projeto de lei que pretendia criar o serviço de cremação no Cemitério de Santo Amaro. Foto: Paulo Trigueiro/Esp.DP/D.A.Press

Um projeto de lei, baseado nas pesquisas acadêmicas do hidrogeólogo Lezíro Marques, pretendia criar o serviço de cremação no Cemitério de Santo Amaro, mas foi vetado pela Comissão de Legislação e Justiça da Câmara de Vereadores do Recife nesta semana. O parecer da reunião indicou inconstitucionalidade do projeto, uma vez que a construção estaria no âmbito do poder executivo da cidade, ou seja, apenas o prefeito poderia criá-lo.

O forno crematório combateria a contaminação do lençol freático e aliviaria os custos do município com a manutenção de covas. Com a cremação, haveria maior possibilidade de descontaminação do lençol freático já que a demanda de sepultamentos cairia.

“Já estamos diminuindo o número de covas no chão. Os primeiros quarteirões já não recebem mais corpos, por exemplo. Se houvesse o crematório, iríamos utilizar apenas as gavetas rotativas, acabando com o problema” explicou o gerente de Necrópolis da Empresa, Petrus Pessoa.

A economia estimada pelo propositor do projeto, o vereador Alfredo Santana (PRB), era de 78% para cada cadáver. “Enlgobando aparato pessoal, manutenção da cova durante os dois anos e um dia, a exumação e processo de enterro dos ossos, é gasto cerca de R$ 1,4 mil. Com o crematório, seriam gastos apenas R$ 300”, avaliou.

Vagas

Foto: Paulo Trigueiro/Esp.DP/D.A.Press

As covas abertas são sempre de corpos enterrados há dois anos e um dia. Ao serem exumados, os ossos são entregues à família que os requerem ou são enterrados novamente, dessa vez, embaixo da antiga cova. “No local, será sepultada outra pessoa. Se o corpo não tiver sido completamente decomposto esperamos mais dois anos e um dia”, explicou o adminstrador do cemitério de Santo Amaro, Rogério Ferro.

Recife conta atualmente com cinco cemitérios públicos, todos administrados pela Emlurb, através de sua divisão de Necrópoles. O município tem, com os cemitérios de Casa Amarela, Tejipió, Várzea, Parque das Flores e Santo Amaro, uma despesa fixa de cerca de R$ 2,5 milhões anuais.

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