Vida Urbana

Faculdades buscam alternativas para pernambucanos com dificuldades no Fies

Há um mês do término do prazo, estudantes não conseguem renovar nem fazer novos contratos

Caso não consiga renovar o contrato, Alline Araújo não sabe como pagará a faculdade. Foto: Rodrigo Silva/Esp. DP/D.A /Press

Há três meses a estudante de publicidade e propaganda Alline Araújo, 19 anos, tenta renovar o contrato com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Alline é uma das 58.031 pessoas que utilizam o financiamento do Governo Federal para garantir o acesso ao ensino superior em Pernambuco e assim como milhares de brasileiros, foi surpreendida com a dificuldade na hora de renovar o benefício em 2015. Há um mês do término do prazo, ela tenta se manter otimista.

"Todos os dias eu tento e não consigo. Procuro a faculdade e eles dizem que é assim mesmo, que outras pessoas conseguiram e eu vou conseguir também, se ficar tentando", relata Alline, que conta com a ajuda financeira da mãe para arcar com as parcelas trimestrais do Fies. "Se não conseguir fazer, nem sei como vai ser. Eu não tenho como pagar", preocupa-se. Apesar de estar inquieta, a futura publicitária acredita no retorno dado tanto pelo Ministério da Educação quanto pela instituição particular onde estuda, e espera resolver a situação nos próximos dias.

Já a estudante de administração Caroline Nila, 22, não está tão confiante. Faltando apenas dois semestres para concluir o curso, a mensalidade foi reajustada pela faculdade particular onde estuda e passou de R$ 800 para R$ 1500. Com o aumento, os gastos extrapolaram o orçamento familiar e Caroline não poderá mais contar com a ajuda da avó, que arcava com os custos da graduação. Sem condições de pagar a mensalidade sozinha, ela tenta desde o final do ano passado um novo contrato no Fies, sem sucesso. "O sistema está complicado, tem muita gente que não está conseguindo porque o site está congestionado", explica. Apesar das inúmeras reclamações, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) garante que, em 2015, cerca de 196 mil novos contratos já foram firmados em todo país. O prazo termina no dia 30 de abril e as inscrições estão sendo feitas no site do Fies.


Novas regras

As novas regras para conseguir o financiamento do Governo Federal entraram em vigor na segunda-feira passada (30). Agora, para ter acesso ao benefício, o estudante precisa alcançar a nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio e não pode zerar a redação, critérios que não existiam anterioremente. O governo também não vai arcar com reajustes maiores de 6,4% nas mensalidades.

Até 2014 o Fies contemplava 1,9 milhões de estudantes. Com o financiamento, os alunos podem cursar uma graduação em uma faculdade particular e só começar a pagar as mensalidades após 18 meses da conclusão do curso, com uma taxa de juros de 3,4% ao ano.

Alternativas

Segundo Caroline, pelo menos 60% dos alunos matriculados na sua turma dependem do financiamento federal, o que tem preocupado a instituição de ensino. “O diretor pediu para os alunos continuarem estudando e depois tentarem resolver. A faculdade também propôs uma forma de financiamento, mas os juros são bem mais pesados e só podemos dividir em 6 vezes”, explica.

Atualmente, os financiamentos existentes no mercado podem ter juros até 15% superiores aos do Fies, com prazos que devem ser quitados em até 10 anos menos que no programa federal.  

A expectativa é que nos próximos meses as instituições lancem um programa similar aos Fies, com taxas mais leves do que as oferecidas pelos bancos, mas ainda mais pesadas que a do governo.

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