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ARBOVIROSES

Zona Norte é a maior preocupação no Recife

Publicado em: 31/05/2021 17:03 | Atualizado em: 01/06/2021 12:22

 (Foto: Inaldo Lins/PCR)
Foto: Inaldo Lins/PCR
Longe da estabilização por internamentos de pacientes com o coronavírus, Recife agora tem que lidar com outro desafio: o aumento de casos de arboviroses. Considerando os dados divulgados do período compreendido entre os meses de janeiro a maio de 2021, ao todo foram notificados 1.249 casos de arboviroses, dos quais 746 foram de dengue, 468 de chikungunya e 35 de zika. Em comparação com os números divulgados em 2020, houve aumento de 35% dos casos notificados e de 37% dos confirmados.

Nas ações de combate à proliferação do mosquito Aedes Aegypti do recife, 600 agentes ambientais são divididos e fazem visitas a cada 40 dias nos mais de 555 mil imóveis da capital pernambucana. As residências são divididas por distritos sanitários para o maior controle das endemias.

Na última pesquisa feita entre os bairros do Recife, foi constatado que as notificações dos casos de arboviroses se concentram entre os distritos sanitários VIII (19,9%) e VII (15,7%). Ambos reúnem bairros da Zona Norte. A gerente de Vigilância Ambiental do Recife, Vânia Nunes, explica que muitos dos bairros da Zona Norte são localizados em áreas de morro e, por isso, apresentam uma dificuldade maior no abastecimento de água. Como a água falta os moradores dessas áreas têm que lançar mão de estratégias para os momentos de escassez e a maior delas é utilizar recipientes de armazenamento. E água armazenada com é o local preferido para a reprodução do mosquito.

"Os agentes de saúde ambiental são zoneados e responsáveis por áreas de todos os bairros da cidade. Eles têm uma média de 800/1.000 imóveis para fazer o retorno a cada 40 dias. Com a pandemia, o trabalho foi readequado, eles não estão podendo entrar mais na casa, exceto nas áreas externas. Eles fazem as orientações aos moradores do local no lado de fora", informou Vânia.

A responsável pelas ações de combate às arboviroses no Recife, também disse quais locais são o foco principal das ações. Os agentes procuram, principalmente, depósitos de água como toneis, baldes, bacias e também recipientes que possam acumular a água da chuva, como pneus, principalmente os que são descartados nas ruas ou que as pessoas guardam em quintais.

Não só fora, como também nas residências também há lugares que podem passar desapercebidos e se transformarem em locais de proliferação do mosquito, são eles: recipientes da água de animais domésticos e caixa de gelo da geladeira. Os moradores também devem ficar atentos a calhas que não possuem o declínio necessário para o escoamento da água e também evitar vasos de plantas que acumulem água.

Aos finais de semana, por conta do alto índice de contaminação, os bairros da Zona Norte estão recebendo reforços de monitoramento. No último final de semana, o bairro da Linha do Tiro recebeu os agentes. No local, de 100 imóveis visitados pelas equipes, oito deles apresentavam a presença das larvas do Aedes Aegypti.

Os seguintes bairros apresentaram risco muito elevado de infestação pelo mosquito transmissor das arboviroses: Jaqueira, Tamarineira, Parnamirim, Várzea, Dois Irmãos, Sítio dos Pintos, Zumbi, Cordeiro, Linha do Tiro, Torrões, Iputinga, Água Fria, Derby, Espinheiro, Aflitos, Graças, Nova Descoberta, Rosarinho, Torreão, Jordão, Encruzilhada, Hipódromo, Jardim São Paulo, Cohab, Brasília Teimosa, Santo Amaro, Pina, Pau Ferro, Brejo de Beberibe, Guabiraba e Beberibe.

Raquete elétrica e muito repelente para evitar o mosquito


A jornalista Manuela Paiva, 40 anos, moradora do bairro do Rosarinho, na Zona Norte do Recife e teve dengue no ano passado em março, no primeiro pico da pandemia da Covid-19. Agora foi sua filha mais nova, Maria Júlia, de seis anos, que teve a doença há poucos dias. Crianças da escola vizinha à casa dela e outras pessoas na mesma rua também apresentaram os mesmos sintomas nas duas últimas semanas.

"Faz  dez dias que a minha filha teve, ela estuda na escola que é colada com o muro da minha casa. Uma vizinha minha também teve. Outro vizinho me mandou a foto de uma casa com focos do Aedes, tive a certeza que os mosquitos vieram de lá", diz, referindo-se à caixa d’água de um imóvel numa rua ao lado, que pertencia a um restaurante recentemente fechado. Na imagem feita pelo vizinho, a caixa aparece destampada, provavelmente pela ação do vento. Entre os sintomas que todas essas pessoas apresentaram durante a doença, os que mais se destacaram foram febre alta, manchas vermelhas e dor no corpo.

 (Foto: Acervo pessoal)
Foto: Acervo pessoal


Como medidas de prevenção Manuela sempre usa repelentes, raquetes elétricas para matar os mosquitos na sala de casa e evita deixar os seus dois filhos ficarem muito tempo brincando no quintal, por ter uma grande quantidade de plantas. Na escola dos filhos, a professora também está pedindo que mandem as crianças para a aula com roupas longas nos dias de aulas presenciais.

Vigilância Sanitária do Recife

Para quem desejar denunciar algum foco possível foco de reprodução do mosquito Aedes aegypti a orientação para a população é ligar para a ouvidoria de saúde do município no número 0800.281.1520.  O morador pode fazer uma denúncia anônima, munido de detalhes sobre o endereço e detalhes sobre o local.
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