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CPI dos atos golpistas ganha força com quebra de sigilos digitais

Publicado em: 06/08/2023 09:45

Comissão que investiga os atos do 8 de janeiro aprovou a quebra dos sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro ((crédito: Ed Alves/CB/DA.Press))
Comissão que investiga os atos do 8 de janeiro aprovou a quebra dos sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro ((crédito: Ed Alves/CB/DA.Press))
Há muito a política deixou de ser monopólio dos políticos, militares e diplomatas, ainda que continuem sendo grandes protagonistas da história. Às vezes, as crises políticas ganham rumos imprevistos em razão de personagens improváveis: o irmão, a ex-mulher, o motorista, o caseiro, a secretária, quando surgem de forma inesperada no enredo, como fatos até bizarros. É o caso dessa história do Rolex que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente coronel Mauro Barbosa Cid, tentou vender no mercado internacional de joias usadas, porém, sem certificado de procedência, cuja principal testemunha é uma ex-secretária.

Vazou um documento supostamente encaminhado à CPMI dos atos golpistas e de caráter sigiloso, cuja existência foi revelada por Camila Bomfim, da TV Globo. Ao rastrear os acessos aos arquivos da comissão, técnicos do Senado constataram que nenhum dos 12 integrantes da comissão autorizados examinou o arquivo do qual o documento fazia parte. Suspeita-se que alguém ligado a Mauro Cid, em busca de proteção, possa ter interesse no vazamento, mas não se sabe até agora quem seria.

A principal testemunha do caso do Rolex é a ex-secretária-executiva do Gabinete Adjunto de Informações do Gabinete Pessoal da Presidência Maria Farani. Após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-assessora foi trabalhar no gabinete da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que é integrante titular da CPI do 8 de janeiro e foi ministra de Bolsonaro. Não confundir com a polêmica embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, que chefiou a delegação permanente do Brasil em Genebra e foi cônsul-geral em Nova York, durante o governo Bolsonaro.

Da sacada da embaixada de Londres, Bolsonaro discursou para seus apoiadores, numa cena constrangedora, porque fora um ato ilegal de campanha eleitoral, quando o objetivos da viagem era participar do enterro da rainha Elizabeth II.

O caso do Rolex é um exemplo da tensa a relação entre a ética da responsabilidade e a ética das convicções. Os políticos são movidos por seus objetivos, em alguns casos inconfessáveis; a burocracia zela pela legitimidade dos meios que utilizam. Quando existe uma não conformidade, sempre fica um rastro. Começam a chegar muitos documentos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), principalmente e-mail e mensagens. Bolsonaro pode até ser condenado e preso por causa de histórias como essa. Onde está o Rolex?






Tags: digitais | sigilos | quebra | golpistas | cpi |

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