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"Encontramos sérios indícios de irregularidades em Paulista", diz Jorge Carreiro

Publicado em: 07/08/2020 19:15 | Atualizado em: 07/08/2020 19:38

Jorge Carreiro retornará à posição de vice-prefeito na próxima segunda-feira (10) (Foto: Reprodução / Facebook)
Jorge Carreiro retornará à posição de vice-prefeito na próxima segunda-feira (10) (Foto: Reprodução / Facebook)
O prefeito em exercício de Paulista, Jorge Carreiro (PV), afirmou nesta sexta-feira (7) que, enquanto esteve no cargo, encontrou o que chamou de “sérios indícios de irregularidade” na gestão de Júnior Matuto (PSB). “Nós encontramos na cidade sérios indícios de irregularidades em muitas áreas. Na educação, nas políticas sociais. Indícios de erros, de desvios, de improbidade. Foram vários. Nós copiamos todos”, afirmou.

Por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, Júnior Matuto deverá retornar ao cargo na próxima segunda-feira (10). Matuto estava fora da prefeitura desde o dia 21 de julho. No dia 22, Carreiro, que é vice-prefeito de Paulista, assumiu a admnistração e mandou afastar 1970 funcionários de cargos comissionados da gestão de Matuto, incluindo todos os secretários municipais.

“Hoje nós tivemos o maior problema para sair de dentro dos prédios. Ainda sou prefeito e os secretários que botei também estão nos cargos. Mas os correligionários dele foram para dentro do centro administrativo e constrangeram as pessoas. Botaram para fora, trocaram cadeados, trocaram as fechaduras e impediram as pessoas saírem com suas pastas de trabalho alegando que as pessoas estavam desviando coisas da prefeitura. Chegou-se, inclusive, ao constrangimento da secretária (Teresinha Mousinho, da Saúde) ter que abrir a mala do carro para mostrar que eram cópias de documentos que estávamos buscando para levar aos órgãos de controle. Fizemos um Boletim de Ocorrência (B.O.)”, relatou Carreiro, que é rompido politicamente com Matuto desde 2017..

O prefeito interino afirma que Júnior Matuto, ao voltar ao cargo, deveria “corrigir os malfeitos”. “É um governo que volta por irregularidades que a polícia levantou e o prefeito acha que o correto é fazer o que estava sendo feito antes, inclusive readmitindo pessoas que não estavam trabalhando. Ele poderia ter vindo corrigir seus malfeitos, se é que possível corrigir todos. Mas todos os malfeitos, ele teria que corrigir. Se eu tenho um conselho a dar, tenho praticamente a idade para ser pai dele, é esse. Mas, tenho certeza de que desse assunto a Justiça haverá de cuidar”, afirmou . 

“Mandamos muitas informações para os órgãos de controle, de Ministério Público, passando por Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) e Draco. Há problemas na Saúde, Educação, Políticas Sociais, Previdência, Administração, Controladoria. É um sem número de problemas em todos os cantos”, continuou Carreiro.

O vice-prefeito fez uma série de denúncias sobre supostas irregularidades na gestão de Júnior Matuto. “Há indícios de pagamentos de produtos que não conseguimos verificar o recebimento, por exemplo. Tem pagamento de gráficas investigadas na Operação Casa de Papel (da Polícia Federal) de mais de R$ 1 milhão que a gente não sabe o que foi e não tem registro do que foi entregue. Outro exemplo é a merenda escolar, que só serviram em 45 dias de aula este ano, e acabou todo o recurso em seis meses. Sabe-se que só foram entregues duas remessas de merenda. Encontramos três mil cestas básicas jogadas no chão, acondicionadas junto com insetos, conforme laudo da Vigilância Sanitária”, alegou. 

Carreiro continua: “Em Políticas Sociais, para você ter uma ideia, tem um campeonato brasileiro de futsal, que está para acontecer aqui e a prefeitura tem para gastar R$ 3 milhões; Na casa de acolhimento, para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, não tinha comida. Eles viviam de caridade, as pessoas doando para ter como fazer comida. Nesse caso a gente conseguiu resolver, pagando o fornecedor”.

“Há mais de 100 funcionários ligados a um contrato terceirizado, que não têm ponto, localização, ninguém sabe onde estão. Qual a distribuição das políticas de assistência social? Por exemplo, o leite, no programa Leite de Pernambuco, eram feitas por Ongs ligadas ao ex-secretário, que é vereador, e Ongs ligadas ao prefeito afastado. Também houve saque no Fundo de Previdência para pagar despesas de pessoal de maneira indevida. Fora as irregularidades que foram a causa do afastamento do prefeito”, disse Jorge Carreiro. 

“O imóvel da casa de acolhimento, que eu disse que estava faltando comida, o aluguel era de R$ 6 mil. Estava caindo aos pedaços, se a gente fosse alugar, não era mais de R$ 1 mil. É muita irregularidade”, atacou Jorge.

“Estamos juntando. O processo no qual o prefeito foi retornado ao cargo estava em segredo de Justiça, não sei por quê. Ele, inclusive, tinha entrado com um pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não tinha se pronunciado. No mesmo momento que entrou no STJ, pediu no STF a mesma coisa. Juridicamente, é uma irregularidade, você não pode pedir a mesma coisa em duas cortes diferentes. É um negócio que a gente fica de queixo caído. A cidade está constrangida com essa situação. Em dias modernos, de hoje, você ter uma situação como essa é de saltar os olhos. A gente espera que a população de Paulista dê a sentença final no momento certo”, concluiu o vice-prefeito de Paulista.
 
Júnior Matuto

Mais cedo, ao comentar a decisão do STF que o fez retornar ao cargo, Júnior Matuto reclamou da maneira como foram noticiadas as suspeitas levantadas pela Polícia Civil.  “Em todo o tempo eu acreditei e confiei na Justiça. Mesmo sendo noticiado por todos os veículos de comunicação a forma como eu fui afastado, todos os juristas que eu consultei falaram que foi uma aberração. Primeiro foi noticiado que eu fraudei uma licitação. Essa licitação foi concluída numa gestão anterior à minha. Eu só fiz homologar o contrato. Segundo: como é que o Tribunal de Contas (do Estado) me manda uma recomendação dizendo que eu descontei mais dinheiro da empresa do que o que era para ser descontado, inclusive pedindo para a prefeitura devolver dinheiro à empresa? E disseram (a imprensa) que eu beneficiei a empresa”.

O prefeito de Paulista disse que a repercussão das operações e a decisão pelo seu afastamento foram fruto de manobras políticas. “A gente sabe que teve uma movimentação política muito grande e muito forte. O que eu fiz foi me agarrar com bons advogados e fazer valer a Justiça. Estou muito animado, vou voltar segunda-feira sem mágoa e sem rancor. O que eu tenho que fazer é trabalhar pela cidade. Vou pagar a folha da saúde. Nesse momento de pandemia, a folha da saúde está atrasada. No mais, vou tocar a vida, vida que segue”, disse.

Júnior Matuto prometeu regularizar a folha de pagamento dos servidores da saúde e criticou o substituto, Jorge Carreiro. “Eu passei sete anos e seis meses pagando salários em dia, antecipando folhas e hoje, num momento de pandemia, os profissionais de saúde estão sem receber por incompetência dele (Jorge Carreiro), do povo dele. Por arrogância, de botar as pessoas para fora, achando que ali não eram profissionais trabalhando e sim cabos eleitorais de Júnior Matuto. Mas estou tranquilo. O que tenho que fazer agora é voltar, pegar no serviço, trabalhar e construir as entregas necessárias para a cidade”. 
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