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Declaração

'Jamais gritaria', diz Flávio Bolsonaro sobre relato de senadora

Por: FolhaPress

Publicado em: 13/09/2019 21:14 | Atualizado em: 13/09/2019 21:26

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse nesta sexta-feira (13) que jamais gritaria ou trataria mal a senadora Selma Arruda (PSL-MT), que disse à Folha de S.Paulo ter sido pressionada, inclusive com grito, pelo filho do presidente Jair Bolsonaro a retirar sua assinatura em apoio a uma CPI para investigar integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Jamais gritaria ou trataria mal a senadora Selma. Prefiro não comentar. Entendo o momento difícil que ela está passando", disse Flávio em mensagem encaminhada à reportagem por sua assessoria de imprensa.

Selma é uma das signatárias do requerimento para criar a comissão parlamentar de inquérito – batizada de CPI da Lava Toga – e disse em entrevista à Folha de S.Paulo que foi procurada por Flávio e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para recuar no apoio, o que inviabilizaria a comissão.

Ela disse que "o que eles argumentam é que uma CPI vai trazer instabilidade para o Brasil porque vai mexer com as instituições, com a integridade delas".

De acordo com a senadora, no último dia 21, Flávio ligou para ela e gritou ao telefone.

"Ele estava um pouco chateado. Alguém disse para ele que nós tínhamos assinado uma CPI que iria prejudicar ele e ele falou comigo meio chateado, num tom meio estranho. Eu me recuso a ouvir grito, então, desliguei o telefone", disse a senadora, que deve oficializar sua saída do PSL na próxima semana e ingressar no Podemos.

Ela também afirma que "gente do partido", que ela não quis identificar, condicionou a retirada da assinatura à tramitação do processo de cassação que existe contra a senadora no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso cassou o mandato de Selma, em abril deste ano, por caixa dois e abuso de poder econômico.
O TRE decidiu manter a cassação e, nesta semana, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se manifestou favoravelmente à medida.

A PGR diz que a campanha da senadora deixou de contabilizar R$ 1,232 milhões e omitiu 72% dos gastos. Selma diz que está sendo acusada por algo que fez na pré-campanha.

"É gente do partido que veio com esta conversa 'olha, você tem que se aproximar do pessoal porque aí vão te ajudar'. Deste pessoal que está alvo de CPI", afirmou.

Ela considera que a manifestação de Dodge foi "o recado mais claro" de resposta à sua decisão de não retirar a assinatura. Ela sustenta a tese mesmo diante da ponderação de que, teoricamente, a procuradora-geral não teria motivos para ajudar Bolsonaro, já que ela foi preterida na escolha para a PGR.

"A não ser que este parecer já estivesse pronto bem antes, quando ainda havia alguma esperança e, depois, acabou indo por descuido de alguém. Já li também uma outra posição em que alguém diz que é vingança porque ela teria sido preterida, então ela resolveu perseguir os bolsonaristas.".

Na entrevista, Selma afirma que juízes de primeiro e segundo graus defendem a CPI e o impeachment de ministros do STF porque o Supremo os faz "passar vergonha alheia".

"Os juízes não aguentam mais ter esta mácula na profissão. As pessoas veem o Judiciário com maus olhos por causa da atitude de um, dois ou três no Supremo. Eles dão retrato para a população de que a magistratura não presta."

A senadora negou que a criação da CPI seja um ataque ao STF e disse ter "certeza absoluta" de que não há riscos à democracia.

Nas últimas semanas, parlamentares têm se articulado para obter assinatura para a abertura da CPI e pressionado Alcolumbre e Flávio sobre o tema.

O presidente do Senado já barrou a criação da comissão outras vezes. Em março, em entrevista à TV Cultura, ele afirmou que a medida não faria bem para o país.

"Topo fazer um diálogo em relação à reforma e ao aprimoramento da questão do Judiciário. Não vejo nesse momento uma CPI do Judiciário e dos tribunais superiores. Não vai fazer bem para o Brasil."

Diante da repercussão, Alcolumbre divulgou nota e discursou em plenário negando que tenha se manifestado contra a criação da CPI.

"Em nenhum momento me manifestei em relação a não aceitar um pedido de constituição de um comissão parlamentar de inquérito, desde que ela não tivesse, que é o que mandam a Constituição e o Regimento desta Casa, um terço das assinaturas dos senadores da República", afirmou.
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