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Feliciano reclama de falhas na articulação política do Planalto

Publicado em: 20/09/2019 07:26

Agência Câmara
O deputado federal Marco Feliciano (Podemos-SP), vice-líder do governo no Congresso, aproveitou almoço da bancada evangélica com a presença de integrantes do Executivo, na quarta-feira, para “lavar roupa suja” com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. O parlamentar se queixou de falhas na articulação política, que, para ele, não daria a devida atenção à bancada evangélica. As críticas, feitas publicamente diante do presidente da frente parlamentar religiosa, Silas Câmara (Republicanos-AM), constrangeram ministros e não foram digeridas por Ramos.

A pessoas próximas, Ramos lamentou a postura de Feliciano. O general sustenta, com orgulho que, desde que assumiu o cargo, em 4 de julho, realizou 217 atendimentos a parlamentares, incluindo acolhimentos feitos a deputados e senadores que se reuniram com ele mais de uma vez. Desse total, 86 foram dedicados a congressistas da bancada evangélica, ou seja, cerca de 40% dos atendimentos. “O ministro em momento algum negou atenção a evangélicos, ruralistas, ou a bancadas e líderes partidários”, disse uma fonte.

O ministro atribui as críticas de Feliciano a um ressentimento pessoal. O parlamentar teria pedido, no fim de julho, que o governo nomeasse o advogado Pablo Tatim, ex-subchefe de Ação Governamental da Casa Civil. Ele é membro da igreja Assembleia de Deus Ministério da Restauração. O vice-líder do governo é presidente da Assembleia de Deus Ministério Catedral do Avivamento.

O ministro, no entanto, segue um procedimento padrão. Ele submete o nome sugerido ao entorno governista e, se tiver sinal verde, chancela a nomeação. Havendo obstrução, veta — e foi o que ocorreu. O ministro consultou três ministros, entre eles, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A rejeição, segundo fontes, foi unânime, devido a suspeitas de nomeações irregulares e de recebimentos indevidos de diárias e passagens aéreas. Tatim também foi citado em investigação sobre contratação superfaturada de uma empresa de tecnologia pelo extinto Ministério do Trabalho.

Amizade
A resposta a Feliciano veio no início de agosto. “O deputado disse ao ministro que não aceitaria ‘não’ como resposta e, aproveitando da amizade com o presidente Bolsonaro, levaria a reclamação diretamente a ele”, afirmou um interlocutor governista. A crítica não foi acolhida. Bolsonaro deu a Ramos a palavra final e bateu o martelo contra a nomeação de Tatim. “Apesar das rusgas, o governo ainda analisa a nomeação de um ex-deputado da bancada evagélica indicadopelo vice-líder”, disse uma fonte.

Ao Correio, Feliciano negou que as divergências com Ramos sejam motivadas por cargos. A razão seria a falta de construção de uma base de apoio para o governo. “Se você discorda dele, ele fica agressivo. Veja o nível de imaturidade política: me bloqueou no WhatsApp porque o critiquei.  Articulação política se faz com diálogo”, criticou. Quanto a Tatim, ele frisa que conta com seu apoio, mas nega ter pedido a nomeação. A Secretaria de Governo não se posicionou. 

Confira na íntegra o posicionamento de Feliciano: 
"Minhas divergências com o general Ramos não são motivadas por cargos para quem quer que seja, mas sim porque ele não consegue montar uma base de sustentação para o governo. Se você discorda dele, ele fica agressivo.

Veja o nível de imaturidade política dele: me bloqueou no WhatsApp porque eu o critiquei. Eu que sou um dos vice-líderes do governo. O que sobra para os demais parlamentares? Se for assim vai ter que bloquear o Congresso inteiro. Isso não é postura para o ministro responsável pela articulação política. Articulação política se faz com diálogo e respeito às diferenças.

Além disso, existem questões importantes para a Frente Parlamentar Evangélica que não são resolvidas, e o ministro simplesmente não dá retorno. 

Por tudo isso a interlocução voltou à estaca zero. 

Claro que Ramos vai plantar na imprensa que minha motivação é um cargo, para tentar desqualificar a minha crítica construtiva e tentar me taxar de fisiológico. Isso é tapar o sol com a peneira. É como matar o carteiro que traz a má notícia. 

Mas a realidade é que hoje a relação do governo com o Congresso é uma bomba relógio, prestes a explodir. E não por culpa do presidente Bolsonaro, que é um homem acessível. Ou de pessoas como o ministro Jorge Oliveira, que recebe bem a todos e resolve os problemas. Quando eu critiquei Ramos no Twitter, foi apenas pelo motivo de não atender.

Quanto ao Dr. Tatim, que foi subchefe da Casa Civil por indicação feita por escrito pela Frente Parlamentar Evangélica ao presidente Bolsonaro, hoje ele é Superintendente da FUNASA no Rio Grande do Norte por indicação do ministro Onyx, a qual conta com meu apoio. É um homem sério e trabalhador, que não tem nenhum processo judicial contra ele, mesmo após ter ocupado inúmeros cargos públicos."
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