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Edifício de R$ 1 bi e alvo da Lava Jato vai ser desocupado pela Petrobras em Salvador

Publicado em: 13/09/2019 07:26

Reprodução/Google Street View
Alvo de investigações no âmbito da Lava Jato, um dos edifícios mais emblemáticos da Petrobras, a Torre Pituba, será desocupado pela estatal no próximo ano.
 
A saída deve acontecer pouco mais de quatro anos após a inauguração do edifício em Salvador.

Construído pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, a obra teve o orçamento é estimado em R$ 1 bilhão.
 
Com 22 andares, 2.600 vagas de garagem e heliponto, a Torre Pituba foi erguida em contrato de locação firmado em 2010 entre Petrobras e o Petros, o fundo de pensão dos funcionários da estatal.

O acordo foi firmado na modalidade "built to suit", na qual o locador define detalhes do imóvel a ser construído e tem uso exclusivo das instalações.

A parceria tem prazo de 30 anos e valor estimado em R$ 1,4 bilhão, conforme o contrato obtido pela reportagem. O aluguel pago mensalmente a Petros é de R$ 6,8 milhões, com correção anual pelo Índice Nacional da Construção Civil.

O contrato foi alvo de denúncia do Ministério Público Federal, que apontou pagamento de pelo menos R$ 68 milhões em propinas.
 
Em dezembro, a Lava Jato denunciou 42 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, desvios de recursos de instituição e organização criminosa.

A decisão da Petrobras de deixar a Torre Pituba acontece em meio a execução de um plano de desestatização e redução de gastos da empresa.

O imóvel, segundo a Petrobras, tem taxa de ocupação de 20% e elevados custos de aluguel e manutenção.

"A Petrobras está realizando estudo para adequar a ocupação dos espaços à estratégia de negócio da companhia", informou em nota a estatal, destacando que neste ano foram desativados prédios em São Paulo, Rio de Janeiro e Macaé.

Há dúvidas a respeito da economicidade da desocupação. O contrato vence em 2045 e prevê o retorno integral do investimento na construção do prédio, independentemente de uma saída antecipada.

Em nota, a Petros informou não recebeu qualquer comunicação da Petrobras a respeito da desocupação da torre, mas destacou que o contrato não pode ser desfeito sem o retorno do investimento.

A Petrobras não informou qual será o destino do edifício. Mas a expectativa é que a estatal busque um rompimento de contrato na Justiça.

A Torre Pituba abriga hoje não apenas atividades de apoio às operações na Bahia, como atende outras áreas administrativas da Petrobras, que estão avaliando as melhores soluções para alocação de suas equipes e atividades, não implicando necessariamente em transferências para outros estados e regiões.

Construída no período de bonança da Petrobras, a Torre Pituba foi erguida para abrigar setores administrativo, financeiro e de suporte operacional da estatal para as regiões Norte e Nordeste.

O prédio foi construído sob a justificativa da economicidade, mas o jornal Folha de S.Paulo revelou em 2015 que a mudança representou um aumento de 142% no gasto da estatal com aluguéis em Salvador. Trabalham no local cerca de 2.00 funcionários, entre efetivos e terceirizados.
 
Segundo o Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros da Bahia), os funcionários efetivos foram avisados que apenas uma parcela deles deve ficar na Bahia -os demais seriam remanejados para São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

A Petrobras diz que avalia as melhores soluções para "alocação de suas equipes e atividades, não implicando necessariamente em transferências para outros estados e regiões".

A Petrobras caminha para reduzir suas operações na Bahia, estado onde em 1939 foi descoberto o primeiro poço de petróleo do Brasil, no bairro do Lobato, em Salvador.
 
A estatal deve arrendar a Fafen (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados) e estuda vender a refinaria Landulpho Alves, primeira erguida no Brasil em 1950.
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