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Novo favorito para PGR nega elo com Flávio e critica Lava Jato

Publicado em: 19/08/2019 22:00

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
O subprocurador-geral Antônio Carlos Simões Martins Soares, citado pelo entorno do presidente Jair Bolsonaro (PSL) como favorito para ser indicado à Procuradoria-Geral da República, nega ter ligação com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), afirma ter apoio dos militares e de dois ministros do Supremo Tribunal Federal e critica a atuação da Lava Jato em Curitiba.

"Eu sou um homem ético, sempre fui muito combativo, porém nunca usei métodos ilícitos, como é comum. Agora vocês estão descobrindo que lá em Curitiba foram utilizados recursos que não podem ser considerados como lícitos. Isso eu não faço. Esse é um ponto que me difere do que está por aí", disse Soares à reportagem nesta segunda-feira (19).

Diferentemente do que tem sido noticiado, Soares afirmou que sua candidatura à PGR, por fora da lista tríplice, não foi patrocinada por Flávio, filho do presidente, nem pelo advogado dele, Frederick Wassef, mas pelos militares, com quem ele tem mantido contatos desde a campanha eleitoral do ano passado.

"Eu nunca conheci esse advogado [Wassef], e o Flávio Bolsonaro eu só vim a conhecer há coisa de 20 dias. Eu entrei nesse processo via núcleo militar", afirmou.

"Eu fiz Escola Superior de Guerra em 2005. Lá conheci muitos militares, inclusive eu tenho alguns ministros do STM [Superior Tribunal Militar] que são meus amigos. Um deles é o Olympio Pereira [da Silva] Junior, que foi quem me iniciou nesse convite para que eu pudesse contribuir para melhorar o Brasil através do governo Bolsonaro", disse Soares.

Soares relatou também que teve duas reuniões com o hoje vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), e outros generais durante a campanha eleitoral de 2018.

As informações dadas por pessoas dos meios político e jurídico de que Soares tem o apoio de Flávio Bolsonaro, em sua avaliação, têm o objetivo de desgastá-lo e minar sua possível indicação à PGR.

"Eles querem atribuir essa nomeação a uma espécie de tentativa de blindar o Flávio futuramente contra qualquer medida judicial. Esse é o objetivo, dizer que minha nomeação tem por inspiração um sentimento de amizade. Isso nunca existiu", afirmou.

Soares disse que sua campanha começou há meses e, desde então, vem angariando apoios no STF e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), sobretudo entre ministros naturais do Rio de Janeiro, como ele.

"Quem é que está me apoiando no Supremo? O ministro [Luiz] Fux, que é carioca. O ministro [Dias] Toffoli já vai, provavelmente hoje [nesta segunda], estamos aguardando que ele externe essa adesão, esse apoio. E outros que não vou citar porque não me autorizaram. Nossa prioridade foi conseguir apoio do atual [presidente do STF] e do futuro [Fux]", revelou.

"No STJ eu tenho apoio do ministro Luis Felipe Salomão, o pessoal do Rio está todo comigo. O ministro Marco Aurélio Bellizze, e outros também que eu não vou citar porque não me autorizaram. Esses autorizaram porque eles estão realmente na campanha."

Soares afirmou também que um grupo de membros do Ministério Público Federal tem reagido à sua possível indicação de forma violenta porque não aceita a ascensão de um nome independente.

"Essa obstinada resistência desse grupo se deve a uma profunda diferença de ideologia, de pensamento, tanto no campo do direito quando no campo político", disse o subprocurador-geral, que se classifica como alguém alinhado à direita e com formação religiosa.

"Eu sempre fui independente. Essa independência é que sempre incomodou a essa turma, porque esse pessoal só age de bando, em grupo. Eles têm aquela mentalidade de achar que o Ministério Público é um sindicato, pertence a eles e ao partido, e não querem admitir que ninguém que não seja do partido assuma o comando da PGR."

Desde que seu nome cresceu na bolsa de apostas, Soares tem sido personagem de reportagens que informaram, por exemplo, que ele já foi denunciado à Justiça sob acusação de falsificação de documento.

"Nunca fui réu, nunca fui processado", rebateu o subprocurador. Segundo ele, a denúncia, que chegou a ser recebida pelo TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em 1996, foi logo em seguida trancada pelo Supremo porque àquela altura ele tinha prerrogativa de foro perante o STJ.

As demais informações que têm circulado sobre sua atuação no Ministério Público Federal, segundo Soares, serão rebatidas na sabatina a que deverá ser submetido no Senado, caso Bolsonaro o indique.
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