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POLÍCIA FEDERAL

Moro deveria ter maior distanciamento, diz chefe de associação de delegados da PF

Publicado em: 26/07/2019 15:29 | Atualizado em: 26/07/2019 15:45

Foto: Agência Senado
O engajamento público do ministro Sergio Moro (Justiça) na investigação que apura um suposto ataque de hackers a telefones de diversas autoridades incomodou o comando da Associação de Delegados da Polícia Federal (ADPF). O presidente da entidade, Edvandir Paiva, diz que o ex-juiz deveria "manter um distanciamento maior" do caso. 
 
"Ele é alvo da invasão de celular. O ideal seria aguardar a investigação terminar e o sigilo ser levantado pelo juiz da causa, que não é ele", afirma Paiva. 

O presidente da ADPF diz que as "manifestações de Moro" estão causando desconforto à corporação. "Porque várias pessoas passam a questionar se o ministro está obtendo informações de investigação sigilosa e a questionar a autonomia da Polícia Federal, o que é algo muito caro para nós."

Paiva diz que, "em tese, o ministro da Justiça não deveria ter nenhuma informação sobre investigação sigilosa". Nesta quinta (25), Moro telefonou a autoridades, como o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, para informar que elas estavam entre os alvos dos supostos hackers. 

O ministro ainda afirmou que conversas obtidas pela PF com o grupo durante as investigações seriam destruídas. 

Paiva diz que "nem mesmo Moro, com toda a credibilidade que obteve quando atuou como juiz" tem o "poder de entrar na investigação e decidir seus caminhos". 

Um maior distanciamento, diz o presidente da ADPF, "tornaria a investigação menos complicada". "O caso é super complexo, houve a invasão da privacidade de várias autoridades e o ministro, como vítima, deve tomar cuidado pelo modo como está conduzindo a apuração".

Além da Polícia Federal, o envolvimento de Sergio Moro no caso arrancou declarações de outras entidades. Ainda hoje o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, disse que o ministro da Justiça "usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas".
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