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Jogar filiados às feras é oportunismo, diz FHC

Por: FolhaPress

Publicado em: 11/07/2019 21:38

Foto: Renato Araujo/Agência Brasil (Foto: Renato Araujo/Agência Brasil)
Foto: Renato Araujo/Agência Brasil (Foto: Renato Araujo/Agência Brasil)
Um dia depois de o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, condicionar sua permanência no PSDB à expulsão do deputado federal Aécio Neves (MG), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quinta (11) que "jogar filiados às feras" é oportunismo.

Em mensagem nas redes sociais, sem citar Aécio nominalmente, FHC afirmou que "o PSDB tem um estatuto e uma comissão de ética" e "há que respeitá-los".

"Jogar filiados às feras, principalmente quem dele foi presidente, sem esperar decisão da Justiça, é oportunismo sem grandeza. Não redime erros cometidos nem devolve confiança", afirmou.

Na quarta (10), Covas ameaçou deixar a legenda caso o mineiro não seja expulso. "Ou eu ou ele", afirmou.

Em maio, em sua convenção nacional, o PSDB aprovou um novo código de ética e disciplina para os filiados. De acordo com o texto, um integrante só pode ser expulso depois de encerrado todo o rito no conselho de ética.

No último dia 4, o diretório municipal do PSDB de São Paulo elaborou uma moção pedindo a expulsão do deputado do partido.

A fala de Covas criou incômodo entre tucanos mais próximos a Aécio, que afirmam que a ala paulista da legenda quer instalar o que chamam de "tribunal de exceção". O mineiro já foi presidente do PSDB.

"Espero que o bom senso prevaleça e que todo e qualquer membro do partido que porventura venha a ser objeto de questionamento ético tenha respeitado seu direito de defesa no conselho de ética do partido", disse o deputado Paulo Abi-Ackel, que preside o diretório estadual do PSDB em Minas Gerais.

Aécio é réu sob acusação de corrupção passiva e obstrução à Justiça, em processo que tramita na Justiça Federal de São Paulo que o acusa de suposto recebimento de R$ 2 milhões da JBS.

O caso estava no Supremo Tribunal Federal, que havia aceitado denúncia elaborada pela Procuradoria-Geral da República, e foi enviado a São Paulo após o fim do mandato de Aécio como senador. No último dia 5, o juiz João Batista Gonçalves, da 6ª Vara Criminal de São Paulo, reiterou o recebimento da denúncia.

O deputado também é investigado em casos relativos às delações da Odebrecht, do ex-senador Delcidio do Amaral e da própria JBS. Ele nega ter cometido crimes.

Após a publicação de FHC, o diretório municipal do PSDB de São Paulo divulgou nota para rebater o ex-presidente.

"Respeitamos sua trajetória e legado que são de suma importância para o país. Mas o pedido de expulsão de Aécio Neves se deu pelo fato de não concordarmos com a postura e histórico dele, que conspurcam a imagem do PSDB. Esse é o novo PSDB que queremos: ética, respeito e compromisso com o país", diz o texto.

Nos últimos dias, outros tucanos paulistas formalizaram pedidos de expulsão de Aécio da legenda. Na quarta, um requerimento foi assinado pela líder do PSDB na Assembleia Legislativa, Carla Morando, e seu marido, o prefeito de São Bernardo do Campo (região do ABC), Orlando Morando.

"A meu ver, mais forte que a denúncia recebida pelo excelso Supremo Tribunal Federal, são suas falas gravadas na qual debocha da Operação Lava Jato, pedindo ao empresário Joesley Batista relevante valor financeiro, mesmo após tudo o que ocorreu na história recente de nosso país", disse Carla, em nota, acrescentando que a postura de Aécio é "imperdoável".
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