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Após carta de ex-OAS contra Lula, Jaques Wagner se diz arrependido sobre delação

Por: FolhaPress

Publicado em: 04/07/2019 20:30

Foto: José Cruz/Agência Brasil (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Foto: José Cruz/Agência Brasil (Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Um dos principais aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Jaques Wagner (PT-BA) sugeriu nesta quinta-feira (4) que o empreiteiro Léo Pinheiro sofreu ameaças para escrever carta enviada com exclusividade à Folha de S.Paulo na qual o ex-executivo da OAS reitera acusações contra o petista.

No texto, Léo Pinheiro rechaça a possibilidade de ter adaptado suas declarações sobre o apartamento tríplex em Guarujá (SP) para que seu acordo de delação premiada fosse aceito pela Lava Jato.

Reportagem da Folha de S.Paulo produzida a partir de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil mostrou que o empreiteiro só passou a ser considerado merecedor de crédito na Lava Jato após mudar diversas vezes sua versão sobre o apartamento que a empresa afirmou ter reformado para Lula. Seu testemunho foi peça chave para a condenação do petista por corrupção e lavagem de dinheiro.

Nesta quinta, Wagner lamentou ter participado da aprovação da lei que instituiu a delação premiada, sancionada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

"Hoje, sou obrigado a dizer que me arrependo de ter contribuído, porque nós não fomos, na minha opinião, no detalhe", afirmou, sem especificar o que poderia ter sido aprimorado.

Para ele, Pinheiro escreveu o documento sob ameaça. "A carta, para mim, chega a ser risível. Porque a carta alguém deve ter dito 'ou você escreve a carta, ou você não terá o benefício de eventual redução de pena'."

"Na verdade, eu não tenho provas, mas imagino... eu conheço o Léo Pinheiro. O que ele deve ter passado lá dentro. Não sei que tipo de ameaças que ele recebeu", continuou o senador e ex-governador da Bahia. "É impossível você falar de uma contribuição livre e espontânea de alguém que está preso."

Outros petistas também apoiaram Lula. O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), vice-presidente nacional do partido, tachou a carta de "recurso desesperado de quem não teve a delação premiada." A colaboração do empreiteiro ainda aguarda homologação pela procuradoria-geral da República. 

Colegas de Wagner no Senado, no entanto, saíram em defesa do instituto da delação.

"Não podemos, a despeito de excessos que tenham havido, criminalizar o que a Lava Jato avançou no Brasil", disse o líder da minoria na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

"O grande erro da Lava Jato foi o juiz da operação servir a um governo que tem caso de corrupção. A delação premiada é um instituto que melhorou o sistema penal brasileiro e deve, sendo utilizado como vem sendo pelo Ministério Público, aprimorar os mecanismos anticorrupção", afirmou Randolfe.

O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), disse que a carta de Léo Pinheiro demonstra a intenção de dizer a verdade depois que "a casa caiu".

"Acho que ele não foi coagido a mandar uma carta dizendo que não foi coagido", afirmou Olímpio.

Indagado se a carta enfraquecia a defesa de Lula, o senador disse respeitar as teses de todos que tentam encontrar argumentações jurídicas.

"Mas [a carta] só sedimenta o que a Justiça, Sergio Moro e o TRF-4 fizeram", disse o Senador, referindo-se ao ex-juiz da Lava Jato (que condenou Lula) e ao Tribunal Regional da 4ª Região (que manteve condenação).

A defesa do ex-presidente divulgou nota na qual rebate a carta. Segundo o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, o relato do empreiteiro é incompatível com os diálogos entre procuradores da Lava Jato publicados pela Folha de S.Paulo e The Intercept Brasil no último domingo (30).

Léo Pinheiro só apresentou a versão que incriminou Lula em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações com a Lava Jato, quando foi interrogado pelo então juiz Sergio Moro no processo do tríplex e disse que a reforma do apartamento era parte dos acertos que fizera com o PT para garantir contratos da OAS com a Petrobras. 
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