Em uma cerimônia recheada de discursos intimistas, com apoio às privatizações e ao combate à corrupção, o novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro José Múcio Monteiro, tomou posse ontem como presidente da Corte e ficará à frente da autarquia por ao menos um ano. Com ele, também se oficializou no cargo a vice-presidente da Casa a ministra Ana Arraes, que acumula ainda a função de corregedora do Tribunal.
Segundo o novo presidente, o tribunal não pode ser um empecilho para os planos do Executivo sobre as privatizações. A responsabilidade do TCU é analisar a legalidade de desestatizações e apontar, se for necessário, impedimentos e alternativas para futuros projetos. Inclusive, tem sido estudada a criação de uma secretaria específica destinada a privatizações e concessões.
“Evidentemente, vamos procurar ver a agenda do governo e as suas prioridades. É a hora de todos juntarem as mãos e cooperarem. Somos guardiões do dinheiro público e vamos priorizar isso. Aproximar os tribunais das instituições, ouvir antes de colocar no papel e priorizar o bom gestor. Vamos mostrar que não somos apenas um órgão que pune, mas mostrar também o nosso lado pedagógico”, disse.
Ministro há nove anos, Múcio ressaltou ainda a importância da retomada das obras paradas como parte da responsabilidade do tribunal. O novo presidente defendeu ainda a união dos Três Poderes em prol de um país melhor. Ele adiantou que o combate à corrupção será um dos pilares de sua gestão. “Temos que ser uma instituição que lidere pelo exemplo. Vamos dar exemplo, vamos arregaçar as mangas, vamos trabalhar juntos e fazer diferença”, celebrou.
No fim do discurso, agradeceu pessoas importantes durante a caminhada dele, que foi deputado federal cinco vezes por Pernambuco, estado onde nasceu, e ocupou, por duas vezes, cargos no Executivo estadual e federal. Emocionado, Múcio citou, inclusive, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril deste ano. “A gratidão é a memória do coração, já disse Santo Agostinho. No campo político, preciso agradecer Roberto Magalhães, que me iniciou na política, ao povo de Pernambuco, que me deu cinco mandatos, e ao ex-presidente Lula, que me fez ministro”, declarou.
Além do presidente da República, Michel Temer, estiveram presentes à solenidade o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE); da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ); e do Supremo, José Dias Toffoli. O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Representantes do futuro governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, também compareceram: o ministro da Justiça, Sérgio Moro, da CGU, Wagner Rosário, que já está no cargo e seguirá no posto ano que vem, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, que segue a linha ultraliberal e já afirmou que os próximos quatro anos serão de privatizações.
Prestígio
Na plateia, estavam ainda os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes, o governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e outros chefes dos executivos estaduais, como o do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), de São Paulo, Márcio França, de Minas Gerais, Fernando da Mata Pimentel, e do Piauí, Wellington Dias (PT).
Incumbido de fazer o discurso em nome dos demais ministros, Benjamyn Zymler ressaltou a origem pernambucana de Múcio e Ana Arraes e relatou, com casos de dentro e fora do tribunal, a trajetória da dupla. O ministro lembrou, ainda, algumas vezes, do filho de Ana Arraes, o político morto em um acidente de avião, Eduardo Campos. “Não serão tempos fáceis, no horizonte de 2019 avizinham-se graves dificuldades no campo da economia e das contas públicas. O Brasil vive período de grande inquietude e grande esperança. Nesse cenário, há forte tendência de que a corte de contas adquira grande visibilidade”, disse.
Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...