Além do PSB, Saud apresentou um documento com o balanço com números de partidos e políticos que teriam recebido recursos da JBS na campanha eleitoral de 2014. Segundo o executivo, foram 28 legendas e 1.829 candidatos. Desses, 179 foram eleitos deputados estaduais em 23 estados e 167 deputados federais de 19 partidos diferentes. Dezesseis governadores eleitos das seguintes siglas: 4 do PMBD e PSDB; 3 do PT e PSB; 1 do PP e PSD. Além disso, 28 senadores receberam recursos para campanhas naquele ano.
No início do depoimento, Saud narra como foi a aproximação com Eduardo Campos. “Ficamos muito empolgados com a candidatura de Eduardo Campos. Tivemos com ele em alguns jantares, algumas conversas, com Paulo Câmara, Geraldo Julio”, afirmou o delator, explicando que ficou acertado, inicialmente, que a JBS repassaria R$ 14.650.000 para a campanha de Eduardo, mas, de acordo com o crescimento nas pesquisas do socialistas, esses valores poderiam ser reajustados, aproximando-se da quantia que estaria sendo repassada ao então candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves.
A morte de Eduardo, em um acidente aéreo, em 13 de agosto, na cidade de Santos/SP, levou, segundo a delação de Saud, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, a procurá-lo para saber da manutenção do pagamento dos valores que tinha sido acertados anteriormente para a campanha e saber da possibilidade de incremento nessa quantia para a campanha de Paulo Câmara ao governo do estado.
O governador Paulo Câmara também se manifestou por nota. “Venho repudiar, veementemente, a exploração política do depoimento do delator Ricardo Saud, que, já antecipo, não corresponde à verdade. Não recebi doação da JBS de nenhuma forma. Nunca solicitei e nem recebi recursos de qualquer empresa em troca de favores. Tenho uma vida dedicada ao serviço público. Sou um homem de classe média, que vivo do meu salário. Como comprovará quem se der ao trabalho de ler o documento que sintetiza a delação, o próprio delator afirma (no anexo 36, folhas 72 e 73) que nas doações feitas ao PSB Nacional ‘não houve negociação nem promessa de ato de ofício’, o que significa que jamais houve qualquer compromisso de troca de favores ou benefícios.
Desta forma, é completamente descabido o uso de expressões como ‘propina’ ou ‘pagamento’. Reafirmo a Pernambuco e ao Brasil que todas as doações para a minha campanha foram feitas na forma da lei, registradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”.
Ainda de acordo com o executivo da JBS, Ricardo Saud, o senador Fernando Bezerra Coelho foi beneficiado com as negociações. “Essa nota fiscal aqui de R$ 1 milhão foi para ele”, explicou o delator. O senador Fernando Bezerra Coelho emitiu uma nota, na noite desta sexta-feira, negando o envolvimento. “A defesa do senador, representada pelo advogado André Luiz Callegari, afirma que todas as doações para a campanha de Fernando Bezerra Coelho ao Senado foram devidamente declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. A defesa do parlamentar, que não teve acessos aos referidos autos, repudia as declarações unilaterais divulgadas e ratifica que elas não correspondem à verdade”, diz o comunicado.