Politica

Políticos que deixaram a base aliada poderiam ter feito diferença

Dilma Rousseff perdeu o apoio de 67 parlamentares dos partidos que faziam parte da sua base até pouco tempo

Antes da votação do impeachment, a presidente Dilma Rousseff (PT) já contava com o menor apoio na Câmara dos Deputados desde 2003. Ainda assim, um grupo consistente de 195 deputados sempre votou de acordo com a orientação do seu governo em ao menos 80% das vezes nesta legislatura - o suficiente para ter derrubado a abertura do processo de impeachment. Sua derrota na votação de ontem, portanto, significa que ao menos 67 parlamentares desse núcleo de apoio a abandonaram.

[SAIBAMAIS]A maior parte desse grupo de “traidores” do governo é de peemedebistas. No total, 22 deputados desse partido que estavam entre os mais fiéis à orientação de Dilma na Câmara votaram contra a presidente na sessão de ontem. O melhor exemplo deste grupo é o do deputado e ex-ministro Edinho Araújo (PMDB-SP), considerado um dos mais fiéis aliados do vice-presidente Michel Temer (PMDB). Em 67 sessões que ele havia participado até então, foram 65 votos a favor do governo e apenas 2 contra - o que significa um índice de governismo de 97%, entre os mais altos da Casa. No entanto, o correligionário de Temer votou a favor da abertura de processo de impedimento contra a presidente.

Em segundo lugar no ranking das traições está o PR, um dos poucos partidos da base aliada de Dilma que havia orientado seus deputados a votar contra o impedimento da petista. Dezesseis parlamentares desse partido que estavam no núcleo mais fiel à presidente até então, no entanto, decidiram não seguir essa orientação e votaram a favor do impeachment. Entre eles, o caso mais emblemático é o de outro ex-ministro de Dilma, Alfredo Nascimento (PR-AM). Titular da pasta de Transportes na primeira gestão da presidente e até hoje presidente do seu partido, Nascimento renunciou ao seu cargo na liderança partidária no próprio microfone de votação ao dizer que discordava da orientação do PR. Seu voto foi favorável ao impeachment.

Na lista das traições que irritaram bastante a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e os ministros do Planalto estão as dos ex-ministros da Aviação Civil Mauro Lopes (PMDB-MG) e dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM). Mas surpresa mesmo veio com um deputado do Ceará que esteve ainda na tarde de ontem no Palácio da Alvorada com a presidente Dilma Rousseff e que, depois que saiu de lá, a convite do governador do estado, Camilo Santana (PT), foi ao plenário da Câmara e votou a favor do impeachment. “Ué, esse cara não passou a tarde toda aqui com a gente e foi lá e votou contra?”, queixou-se, perplexa, Dilma. 

Houve voto fechado a favor do impeachment em 11 bancadas partidárias: PSDB, DEM, SD, PRB, PSC, PV, PHS, PT do B, PSL, PMB e PPS. No outro lado, 100% dos integrantes do PT, do PCdoB e do PSol votaram contra o impeachment. O PDT, que havia decidido apoiar Dilma, se dividiu: até as 22h40, havia seguido essa orientação apenas 56% dos deputados que já haviam votado.
Duas bancadas estaduais deram 100% de seus votos à proposta de abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff: Amazonas e Rondônia. A segunda maior vitória do "sim" ao impeachment, em termos proporcionais, ocorreu em Goiás (94% dos votos). A seguir, empatados no ranking, aparecem Rio Grande do Norte, Santa Catarina. Distrito Federal e Roraima, todos com 87,5%.

Os deputados contrários ao impeachment formaram maioria em dois estados. No Ceará, onde tiveram 11 dos 22 - houve 9 favoravéis e uma abstenção e uma falta. Já no Amapá, foram quatro pró Dilma, três contra e uma abstenção. (Da redação com agências)

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