Politica

Acampamento contra impeachment segue com atividades no Derby no fim de semana

Articulado pela Frente Brasil Popular, o acampamento se organiza em 10 comitês temáticos que propõem diariamente atos políticos e culturais

Acampamento começou na segunda-feira e não tem data para terminar. Foto: Anderson Girotto/Cortesia

Mulheres, jovens, negros, trabalhadores da saúde e do campo e movimento sindical. Ocupando a Praça do Derby desde a última segunda-feira, representantes da esquerda em Pernambuco dão continuidade, neste fim de semana, ao Acampamento Popular em Defesa da Democracia, que é contra o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) e entende como golpe o processo de impeachment em andamento no Senado Federal. 

[SAIBAMAIS]

Articulado pela Frente Brasil Popular, o acampamento se organiza em 10 comitês temáticos que propõem, diariamente, conferências, reuniões e atividades políticas, além de uma programação cultural. 

Pesquisadora do SOS Corpo e membro do Fórum de Mulheres de Pernambuco, Rivânia Arantes visualiza um cenário difícil, fala em perdas de direitos e garante: haverá resistência. Arantes defende que não há provas que justifiquem o impeachment  e chama de golpe o processo em andamento. “A gente não pode deixar que o que foi construído ao longo dos anos, a nossa democracia, seja simplesmente esquecida, jogada no lixo. Em nome dessa democracia muitas mulheres tombaram e nesse processo atual já perdemos direitos, com a guinada à direita da sociedade, das instituições supostamente democráticas”, critica a pesquisadora, que frisa ainda os ataques pessoais direcionados a Dilma Rousseff. 

Veja a página da articulação feminista do acampamento. 

“É simbólico que a primeira mulher a chegar na presidência é justamente a que sofre ameaçada de ser deposta. Ela é atacada pessoalmente, isso é a misogenia, que é estruturante, uma questão de fundo nesse processo de golpe. Não tenho certeza que se fosse um homem nesta conjuntura, com essas acusações, eles teriam ido tão longe”, reflete Arantes. 

Debates marcam dia a dia no acampamento, que reúne centenas de pessoas. Foto: Tassio Alves/Cortesia

Elisa também defende o fortalecimento da compreensão das limitações que a institucionalidade tem. “Não dá para ter só um governo de aliança. É preciso primar pela autonomia dos movimentos sociais, a força da classe trabalhadora para construir as mudanças que a gente precisa. Não é mudando representantes que vamos conseguir isso, mas com fortalecimento de base”, defende. 

Ainda de acordo com a representante da Marcha das Mulheres, são elas – maior parte da classe trabalhadora – que sofrem mais com a crise social. “Desemprego, falta de acesso à saúde, aumento de violência, todas essas questões sobrecarregam as mulheres”, explica Elisa que explica que, no caso das mulheres, não há uma pauta específica, mas um conjunto de mudanças necessárias. “Nossa luta, nossa pauta, nossa resistência é estrutural contra esse sistema.” 

Além de tenda com acampados, MST montou feira orgânica no praça. Foto: Tassio Alves/Cortesia

“O 1º de maio será uma confirmação do que estamos construindo no estado e no Brasil inteiro desde 18 de março, primeira grande mobilização a favor da democracia. Intervimos em uma situação, porque os 'coxinhas' tentaram mostrar que o Brasil é uma desgraça por culpa da Dilma, do PT, do MST, criando um cenário de ódio e intolerância contra o povo”, explica o membro da coordenação nacional do MST, Jaime Amorim. 

“Nosso entedimento é que a luta do trabalhador tem que estar unificada e o ponto em comum é impedir que o Brasil sofra um golpe e entre em um retrocesso. O Temer tem dito que é a ponte do futuro. Para nós ele é a pinguela do retrocesso do povo brasileiro, por isso estamos na rua, mobilizados e firmes”, conclui Amorim. 

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