Politica

Aécio bate boca com Lindbergh por eleição de Macri na Argentina

Clima esquentou após tucano elogiar novo presidente do país vizinho

Um elogio do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), à eleição do candidato oposicionista Mauricio Macri para a presidência da Argentina levou a um bate-boca com o senador petista Lindbergh Farias (RJ) no plenário do Senado. O tucano disse que Macri foi eleito com posições claras e ameaça pedir a aplicação da cláusula democrática para suspender a Venezuela do Mercosul em razão de supostos abusos aos direitos humanos.

"No momento em que o presidente eleito Macri ameaça utilizar a cláusula democrática do Mercosul, se houver qualquer dúvida em relação à lisura do pleito na Venezuela, que se avizinha, ele torna ensurdecedor e constrangedor o silêncio da presidente da República e da diplomacia brasileira", afirmou Aécio Neves.

Em seguida, Lindbergh Farias disse que o presidente eleito vai adotar uma política neoliberal na Argentina. E cutucou o tucano ao dizer que não houve no país vizinho um pedido de recontagem dos votos, mesmo que a diferença de Macri sobre o candidato derrotado Daniel Scioli tenha sido menor do que a presidente Dilma Rousseff para Aécio no ano passado.

"O Macri pode ajudar o Brasil, porque vai ser uma espécie de Aécio lá, na Argentina", criticou. "É importante que eles governem lá, e queremos usar esse exemplo, porque tenho certeza de que o governo do Macri vai ser igual ao governo do Fernando Henrique, do Carlos Andrés Pérez, do Menem: vai ser um governo que vai fazer a regressão social e vai retirar direitos dos trabalhadores", completou.

Ex-candidato a vice na chapa de Aécio, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) rebateu o petista e disse que a derrota de Scioli subiu à cabeça de Lindbergh. Ele disse que o petista se vale de uma fúria que mais lembra o "kirchnerismo do que o petismo, embora haja muita semelhança entre os dois". "Ele já começa agourando um mau governo ao presidente que acaba de ser eleito e para quem a Presidente Dilma inclusive abriu as portas para que venha ao Brasil, antes mesmo da sua posse. Quer dizer, ele está sendo mais realista do que o rei", disse Aloysio, ao pedir a Lindbergh que refreasse o entusiasmo.

O presidente do PSDB fez coro e perguntou em que mundo vive Lindbergh, ao destacar que a oposição apenas cumprimentou o presidente eleito. Ele também rebateu a afirmação de que pediu recontagem de votos - o PSDB pediu uma auditoria das urnas eletrônicas. Reclamou da objeção "raivosa" dos setores do PT que se colocam, segundo ele, contra o aprimoramento do sistema eleitoral.

Em réplica, Lindbergh disse que não é verdade que o governo esteja de "braços cruzados" em relação à Venezuela. "O Brasil está atuando, sim, na situação da Venezuela, para apaziguar. Tudo o que nós não queremos é que aquilo descambe para uma guerra civil", disse o petista.

Após outras discussões, o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), decidiu colocar panos quentes no embate. "Quero tranquilizar aqueles que estão preocupados aqui, no Senado, se o Scioli perdeu e o Macri ganhou. Os dois têm uma característica única: os dois não são kirchneristas. Então, o que estava em disputa na Argentina agora, nesta eleição, eram dois candidatos que não tinham absolutamente nada com a atual presidente Cristina Kirchner", disse.

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