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Com obra atrasada, Ferrovia Transnordestina poderá ser batizada com o nome de Eduardo Campos

A ferrovia nem foi concluída, mas já existe a disputa para um eventual homenageado. A vereadora Marília Arraes, dissidente de seu partido, o PSB, criticou, na manhã desta quinta-feira no seu Facebook, a proposta do deputado federal do Piauí Heráclito Fortes (PSB), de nomear a Ferrovia Transnordestina, obra atrasada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com o nome de seu primo, o ex-governador Eduardo Campos. O socialista morreu num acidente aéreo no ano passado, em Santos, no litoral de São Paulo.

A vereadora, que vem sendo cotada como futura filiada do PSOL, relatou que existe um trecho da rodovia que já tem o nome do ex-governador Miguel Arraes, seu avô. O trecho que leva o nome de Arraes vai do trecho entre as cidades de Recife, em Pernambuco, a de Estreito, no Maranhão. O “batismo” foi em virtude de uma lei de autoria do deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE), sancionada em 2011.

Segundo a vereadora, “os novos donos do PSB” estariam tentando modificar parte da homenagem. “(Amparados numa) ideia da sombria figura do deputado Heráclito Fortes (que, hoje em dia, é do PSB do Piauí), um dos mais nefastos exemplos de políticos na história do Brasil - querem dar à ferrovia o nome do ex-governador Eduardo Campos, que merece ser homenageado, sim. Mas não desta maneira”, criticou.

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“(Eles estão esquecendo) a grande luta de Miguel Arraes, desde a década de 1980, até seus últimos anos de vida, para que a Transnordestina saísse do papel, como uma forma de integrar e desenvolver o Nordeste”, disse a vereadora. Lembrando que Eduardo Campos, assim como a vereadora, são netos do ex-governador Miguel Arraes. “Tudo isso nada mais é do que uma forma de agir bastante peculiar da nova aglomeração em que se tornou o PSB: fingir que a história não aconteceu”, completou.

Na verdade, a disputa pela homenagem envolve uma disputa de uma obra que ainda não saiu do papel. Anunciada em 2006, a ferrovia prometia ser um eixo de integração da região Nordeste. Além de Pernambuco, três estados - Piauí, Paraíba, Pernambuco, Ceará - seriam beneficiados pela obra de 1,700 km. As obras eram orçadas, inicialmente, R$ 4,5 bilhões. Atualmente, os custos estão na ordem de R$ 7,5 bilhões.

Disputa além da família

O deputado Heráclito Fortes deu entrada no projeto no último dia 21 de maio na Câmara Federal com a seguinte justificativa: “Eduardo Campos foi o mais bem-avaliado governador do país, o que ocorreu em razão da modernidade e honestidade de sua gestão, que levou progresso ao estado de Pernambuco e, consequentemente, ao Nordeste e ao país”, argumentou. O curioso é que, outros deputados pernambucanos, que também são do PSB, assinam a proposta.

Entre eles, estão os deputados federais Tadeu Alencar, João Fernando Coutinho, Marinaldo Rosendo, Pastor Eurico, além de Fernando Bezerra Filho. Este último entrou com um “pedido de urgência”, ontem, para apreciação de proposição.

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