O futuro das cidades
Paulo Moraes
Advogado, professor de Direito da UNICAP e Secretário Executivo de Segurança Cidadã da Prefeitura do Recife
Publicado em: 10/12/2024 03:00 Atualizado em: 07/12/2024 12:27
Em sua 12ª edição, realizada no início de novembro no Cairo/Egito, o World Urban Forum da ONU/Habitat sinalizou, por meio das mais de 27 mil vozes presentes, representantes de 184 países, que o futuro do planeta reside nas cidades. A necessidade urgente de transformar as urbes em ambientes sustentáveis, inclusivos e resilientes, com foco nas pessoas, esteve no centro dos debates.
A semana de discussões e intercâmbios apresentou o “estado da arte” das inovações urbanas voltadas à adaptação das cidades ao enfrentamento de sucessivas crises, desde a climática, passando pelo déficit de habitação, guerras e questões sociais variadas que marcam os tempos atuais.
Em meio a essa profusão de “cases”, o Recife marcou presença com a Rede Compaz, apresentada como um novo paradigma de política pública do Brasil para a prevenção da violência e promoção da equidade, à medida em que rompe com as experiências fragmentadas do passado e se avizinha - renovada -, da sua primeira década de existência, no limiar da expansão para mais 30 cidades promovida pelo Governo Federal.
Conduzida pela brasileira Anaclaudia Rausbach, a WUF12 se assemelhou a uma COP, tamanha a onipresença da pauta climática, a qual se impôs como questão estruturante na maioria dos paineis. Com a crescente urbanização do mundo (80% das pessoas residem em áreas urbanas), a importância da implementação de práticas que reduzam a pegada de carbono, que promovam o uso eficiente de recursos naturais e a energia renovável deixaram de ser assunto dos governos nacionais, apenas, para se tornar contribuição das cidades para o mundo.
Ainda sobre o clima, a resiliência climática foi o principal tema trazido pelas cidades, que expuseram soluções a partir de infraestruturas resilientes que protegem os cidadãos e adaptam os territórios às intempéries do clima. Neste tópico, destaque para os arrojados estandes dos países do oriente médio e suas mega obras de novas cidades, nascidas do zero, como a The Line, na Arábia Saudita, e a nova e sustentável capital do Egito.
Mas o WUF não apenas tratou dos desafios urbanos atuais; em seus debates, ofereceu uma visão otimista sobre o futuro das cidades, cujo destino está intrinsecamente atrelado ao da própria humanidade. Neste tocante, as “tendências” em voga são as das cidades inteligentes e conectadas, onde a implementação de sistemas de dados integrados e IoT (Internet das Coisas) podem facilitar a gestão de serviços públicos e a participação da comunidade. Espaços públicos acessíveis, planejamento urbano participativo e integração de espaços naturais ao urbano também são fortes tendências.
No plano político, a WUF 12 serviu como um importante ponto de reforço no pleito histórico das cidades por serem ouvidas por seus governos nacionais e na esfera internacional, pois é inconteste a contribuição que estas podem prover e os efeitos que sofrem das crises gestadas no plano das relações internacionais. Enfrentar os desafios urbanos atuais com criatividade e inovação é outro legado dessa edição, haja vista o destaque para iniciativas de países em desenvolvimento que se reconectam com o fazer ancestral/tradicional para promover bem estar e segurança para as pessoas. Por fim, a mensagem essencial é a de que a construção de ambientes urbanos mais justos, sustentáveis e resilientes requer esforço e a colaboração entre governos, setor privado, sociedade civil e cidadãos, todos trabalhando juntos para moldar um futuro urbano mais promissor.
A semana de discussões e intercâmbios apresentou o “estado da arte” das inovações urbanas voltadas à adaptação das cidades ao enfrentamento de sucessivas crises, desde a climática, passando pelo déficit de habitação, guerras e questões sociais variadas que marcam os tempos atuais.
Em meio a essa profusão de “cases”, o Recife marcou presença com a Rede Compaz, apresentada como um novo paradigma de política pública do Brasil para a prevenção da violência e promoção da equidade, à medida em que rompe com as experiências fragmentadas do passado e se avizinha - renovada -, da sua primeira década de existência, no limiar da expansão para mais 30 cidades promovida pelo Governo Federal.
Conduzida pela brasileira Anaclaudia Rausbach, a WUF12 se assemelhou a uma COP, tamanha a onipresença da pauta climática, a qual se impôs como questão estruturante na maioria dos paineis. Com a crescente urbanização do mundo (80% das pessoas residem em áreas urbanas), a importância da implementação de práticas que reduzam a pegada de carbono, que promovam o uso eficiente de recursos naturais e a energia renovável deixaram de ser assunto dos governos nacionais, apenas, para se tornar contribuição das cidades para o mundo.
Ainda sobre o clima, a resiliência climática foi o principal tema trazido pelas cidades, que expuseram soluções a partir de infraestruturas resilientes que protegem os cidadãos e adaptam os territórios às intempéries do clima. Neste tópico, destaque para os arrojados estandes dos países do oriente médio e suas mega obras de novas cidades, nascidas do zero, como a The Line, na Arábia Saudita, e a nova e sustentável capital do Egito.
Mas o WUF não apenas tratou dos desafios urbanos atuais; em seus debates, ofereceu uma visão otimista sobre o futuro das cidades, cujo destino está intrinsecamente atrelado ao da própria humanidade. Neste tocante, as “tendências” em voga são as das cidades inteligentes e conectadas, onde a implementação de sistemas de dados integrados e IoT (Internet das Coisas) podem facilitar a gestão de serviços públicos e a participação da comunidade. Espaços públicos acessíveis, planejamento urbano participativo e integração de espaços naturais ao urbano também são fortes tendências.
No plano político, a WUF 12 serviu como um importante ponto de reforço no pleito histórico das cidades por serem ouvidas por seus governos nacionais e na esfera internacional, pois é inconteste a contribuição que estas podem prover e os efeitos que sofrem das crises gestadas no plano das relações internacionais. Enfrentar os desafios urbanos atuais com criatividade e inovação é outro legado dessa edição, haja vista o destaque para iniciativas de países em desenvolvimento que se reconectam com o fazer ancestral/tradicional para promover bem estar e segurança para as pessoas. Por fim, a mensagem essencial é a de que a construção de ambientes urbanos mais justos, sustentáveis e resilientes requer esforço e a colaboração entre governos, setor privado, sociedade civil e cidadãos, todos trabalhando juntos para moldar um futuro urbano mais promissor.
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