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Reflexos do pleito eleitoral de 2024 - Um enfraquecimento do discurso extremista

Orlando Morais Neto
Sócio de Paurá Advocacia, especializado em Direito Eleitoral, Mestre e Doutorando em Direito pela Unicap

Publicado em: 05/11/2024 03:00 Atualizado em: 05/11/2024 05:50

Nas eleições de 2024, um fenômeno significativo está emergindo no cenário político brasileiro: a diminuição do apoio aos candidatos de perfil extremista, tanto de esquerda quanto de direita. Esse movimento reflete uma tendência global em que o eleitorado, cada vez mais cansado da polarização e da retórica agressiva, parece inclinar-se para candidatos com uma abordagem moderada e pragmática. O desejo por estabilidade e consenso está moldando as escolhas dos eleitores, que buscam propostas realistas e viáveis em vez de discursos inflamados e promessas radicais.

A polarização política acentuada dos últimos anos, alimentada por discursos extremistas e uma constante troca de acusações, levou parte da população a reavaliar suas posições. A falta de resultados práticos e a dificuldade de diálogo entre os extremos criaram um ambiente de insatisfação e frustração, impactando diretamente a aprovação dos candidatos mais polarizados. Em vez de soluções radicais, os eleitores passaram a valorizar propostas que ofereçam uma visão estável e equilibrada, capazes de promover melhorias efetivas na economia, na sociedade e na política.

Vários fatores têm contribuído para essa mudança. Primeiramente, o desgaste da polarização intensa gerou uma sensação de paralisia na sociedade e uma percepção de que o país enfrenta dificuldades para avançar devido aos constantes impasses políticos. A busca por figuras públicas que promovam a moderação e o diálogo ganhou força, afastando o apoio popular de candidatos que representam uma visão extremada. O aumento do acesso à informação e o engajamento político do eleitorado, possibilitados pela internet e pela ampla cobertura crítica da mídia, também contribuíram para que a população questionasse com mais rigor promessas de campanhas agressivas e discursos de confronto. O desejo de muitos eleitores é que as soluções para os desafios do país sejam construídas com diálogo, participação e foco no bem-estar social.

No contexto das eleições majoritárias de 2024, percebe-se uma preferência crescente por candidatos que defendem o diálogo, a estabilidade e a união, em vez de agendas polarizadoras que visam apenas satisfazer uma base de apoiadores radical. Esses candidatos, com perfil mais equilibrado, tendem a combinar valores de eficiência administrativa com um compromisso claro com a redução das desigualdades e o combate à violência, questões prioritárias para a maioria dos eleitores. A diminuição do apoio aos extremistas já mostra efeitos práticos, como a expectativa de um ambiente político menos conflituoso, tanto no Legislativo quanto no Executivo. Esse ambiente possibilita a criação de consensos, facilita a aprovação de reformas e incentiva a implementação de políticas públicas mais eficientes.

Essa mudança nas preferências dos eleitores representa uma possível reconfiguração do panorama político brasileiro, sugerindo um novo capítulo em que o pragmatismo e o diálogo prevalecem sobre o confronto. A escolha por candidatos de postura moderada pode ser vista como um avanço para o país, ajudando a construir um ambiente político mais harmonioso e orientado pelo bem-estar social e pela prosperidade coletiva. Essa transformação do comportamento dos eleitores em direção a opções mais sensatas e colaborativas sinaliza que o Brasil caminha para uma política que privilegia o entendimento, a eficiência e a paz social, em oposição à instabilidade e ao extremismo.



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