Economia e eleição

Alexandre Rands Barros
Economista

Publicado em: 05/10/2024 03:00 Atualizado em: 05/10/2024 07:17

Nesse domingo, vamos para mais uma eleição. Menos importante do que a de presidente, governadores, senadores e deputados. Mas, ainda assim, bem relevante para todos os cidadãos, pois definirá as prioridades de políticas públicas nos municípios. Candidatos mais à esquerda tenderão a priorizar mais políticas sociais em detrimento de benefícios para grupos específicos, normalmente, já abastados. Candidatos mais à direita tenderão a se unir a privilegiados para manter, ou mesmo, ampliar as vantagens de que já dispõem. Normalmente, possuem uma pauta conservadora ligada à família, valores estabelecidos e à religião. Incluem-se aí também os fascistas (Estado acima da sociedade). Entre essas duas ideologias, há os que buscam, principalmente, ganhar influência no poder público para extrair rendas elevadas, em relação ao seu nível de qualificação e disponibilidade de ativos. Podem ser chamados de empresários do mal. Um quarto grupo é composto daqueles que buscam, sobretudo, a sobrevivência política, seguros que vão seguir estratégias de dar aos cidadãos mais pobres benefícios que tenham alta visibilidade. Objetivam manter o poder. São os populistas.

Há populistas e empresários do mal tanto na esquerda como na direita. As motivações individualistas da direita, contudo, fazem com que ela acomode mais facilmente esses dois grupos interesseiros. Por outro lado, a autenticidade das motivações populares da esquerda termina por atrair muito esses grupos por causa de sua facilidade de angariar apoio da maioria. Contudo, eles se sentem mais confortáveis unidos à direita porque essa por ideologia tende a concentrar benefícios em pequenos grupos e eles estão na política, principalmente, para se locupletar. Claro que quanto mais fracos forem os populistas e empresários do mal dentro da esquerda, mais recursos vão sobrar para políticas que genuinamente beneficiem a maioria. Muitas delas, inclusive, com impactos estruturais de longo prazo.

As disputas políticas no Brasil, com excesso de influência de grupos que buscam manter e ampliar privilégios, fizeram com que o setor público chegasse ao seu limite. Como não se forma um consenso mínimo em torno de um projeto de desenvolvimento nacional, os governos encontram-se nos seus limites orçamentários e já inchados na busca de acomodar interesses dos vários grupos. Além disso, eleições não são vencidas pelos mais aptos a conduzir um projeto consensual para o país. A possibilidade de obter privilégios imediatos é que define a maioria dos votos. Por isso, o país tende a manter a força dos populistas e empresários do mal. E quanto mais fortes eles forem, menor será a capacidade de se desenvolver o Brasil.

Nas últimas eleições, o Nordeste resistiu ao populismo mais radical e reconheceu a capacidade da esquerda de liderar um projeto para todo o país. Uma preocupação nessas eleições é que a direita, mais associada aos populistas e aos empresários do mal, parece estar ganhando poder, mesmo nessa região. O medo tem levado a população a sucumbir ao populismo a partir da legitimação de valores conservadores. Se a representação popular pender mais para a direita e seus aliados tradicionais, os governos poderão ser forçados a estourar seus orçamentos com ações não prioritárias e pouco eficientes para promover o bem-estar geral. Mais uma vez, patrocinaremos o baixo ritmo de desenvolvimento do país.

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