Da atração das feiras
Vladimir Souza Carvalho
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras
Publicado em: 07/09/2024 03:00 Atualizado em: 06/09/2024 23:17
A voz do vendedor se propaga forte por parte da feira. A melancia ganha uma variante: mel-lancia. Não sei se é assim que o autor do termo escreveria. De minha parte, me arrisco, deixo aos dicionaristas a oportunidade de me corrigir e de incluir um termo a mais na língua portuguesa. O outro vendedor faz propaganda da verdura que superlota sua banca: o tomate é lavado com água de coco. Só faz alusão ao tomate. A jovem que vende frutas não se acanha de vestir a camisa com dizeres bem enfáticos: I Cavalgada de Tabaroas de Malhador. Acrescenta que já está na III Cavalgada. Ela própria se torna amazona um dia no ano. Também monta, acrescenta, participando da festança. Vem à memória um feirante a estrondear no meio da feira: flamenguista! Muitos se voltavam para ele que, de imediato, explicava: só chamei um.
O meu bocapiu passa despercebido. Sou o único na feira a portá-lo. A propósito, tenho dois. Somente um único feirante o reconhece, esclarecendo que quando se via um, nos tempos lá atrás, dizia-se logo: Perdoe. Em miúdos, o bocapiu era portado por esmoleiro. Comporta muitas compras e resiste ao uso. O positivo é saber arrumar as compras: o que é pesado embaixo; o leve, em cima. Uma feira dessa negligenciei. A penca de banana madura ficou por baixo, sendo agraciada com muito peso. Resultado: além de algumas bananas amassadas – o que prejudica o sabor -, quase todas estavam soltas. Captei a mensagem. Ou, traduzindo: aprendi a lição.
Frequento três feiras por semana: na terça, na sexta e no sábado. O olhar atento em todas as bancas. De algumas já me tornei freguês. Alba me dizia que não era Igreja para ter freguesia. Não comprava na mesma banca, preferindo variar. Gosto é gosto. De minha parte a minha passagem numa banca de verduras/frutas, que me atende, eu a pedir um molho de coentro, ela trazendo dois, e, sorrateiramente, a indagar se eu quero dois ou três. Aprendi a reagir: um, eu pago. Os outros, é oferta da casa? Há silêncio como resposta. Na semana seguinte volto a mesma banca, a cena se repetindo. Só não faço como um compadre que pede goiaba madura, porque a esposa é banguela. Esclarece: se comprar errado, ela dorme de calça jeans. De quem ouve, o riso abafado. Do gostar de fazer feira me passam despercebidos os aumentos quase semanais. Sofro menos.
O meu bocapiu passa despercebido. Sou o único na feira a portá-lo. A propósito, tenho dois. Somente um único feirante o reconhece, esclarecendo que quando se via um, nos tempos lá atrás, dizia-se logo: Perdoe. Em miúdos, o bocapiu era portado por esmoleiro. Comporta muitas compras e resiste ao uso. O positivo é saber arrumar as compras: o que é pesado embaixo; o leve, em cima. Uma feira dessa negligenciei. A penca de banana madura ficou por baixo, sendo agraciada com muito peso. Resultado: além de algumas bananas amassadas – o que prejudica o sabor -, quase todas estavam soltas. Captei a mensagem. Ou, traduzindo: aprendi a lição.
Frequento três feiras por semana: na terça, na sexta e no sábado. O olhar atento em todas as bancas. De algumas já me tornei freguês. Alba me dizia que não era Igreja para ter freguesia. Não comprava na mesma banca, preferindo variar. Gosto é gosto. De minha parte a minha passagem numa banca de verduras/frutas, que me atende, eu a pedir um molho de coentro, ela trazendo dois, e, sorrateiramente, a indagar se eu quero dois ou três. Aprendi a reagir: um, eu pago. Os outros, é oferta da casa? Há silêncio como resposta. Na semana seguinte volto a mesma banca, a cena se repetindo. Só não faço como um compadre que pede goiaba madura, porque a esposa é banguela. Esclarece: se comprar errado, ela dorme de calça jeans. De quem ouve, o riso abafado. Do gostar de fazer feira me passam despercebidos os aumentos quase semanais. Sofro menos.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL
MAIS LIDAS
ÚLTIMAS