Os 200 anos da identidade teuto-brasileira: o pioneirismo do Recife
Marcus Prado
Jornalista
Publicado em: 12/08/2024 03:00 Atualizado em: 10/08/2024 06:13
A história da imigração alemã no Brasil ao longo de 200 anos, da identidade bicultural e o processo de aculturação, consiste de uma vigorosa e rica integração, resultado do acolhimento entre os povos dos dois países, embora com o lapso quando da perseguição aos imigrantes alemães e seus descendentes durante a Era Vargas (1930-1945).
O presidente demonstrava claramente simpatia ao nazifascismo no começo das suas práticas ditatoriais. Era o começo da imigração. Foi dele a determinação do caso Olga Benário Prestes, de impedir a vinda ao Brasil do Nobel de Literatura Thomas Mann (“A Montanha Mágica”), inimigo de Hitler, ao ponto de influir e obter adesão da Academia Brasileira de Letras, da qual era “imortal”. Gesto que deixaria o escritor Gilberto Freyre (“Casa Grande & Senzala”) decepcionado. Thomas Mann, já mundialmente famoso, lia muito sobre o Brasil, empolgou-se com a ideia de Gilberto. Havia a intenção de mostrar o Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Em Paraty (RJ) seria a vez de conhecer a casa dos pais de Julia, mãe brasileira de Thomas Mann, onde ela nasceu. O autor de “Morte em Veneza” teria a oportunidade de conhecer, além as paisagens, a pluralidade linguística do Brasil, reflexo das imigrações não só da Alemanha ao longo da história.
Muito está sendo dito nestes dias, não só no Rio Grande do Sul e em Pernambuco, sobre a construção da identidade teuto-brasileira. Segundo fonte do consulado alemão, em 1920, dos 52.870 alemães residentes no Brasil, 1.550 estavam em Pernambuco, hoje são mais dois mil, segundo o Cônsul-geral da Alemanha para o Nordeste, Johannes Bloos. Há fontes que indicam o pioneirismo do Recife na historia dos imigrantes desse país. Tema de uma conversa que tive, há poucos dias, pelo telefone, com o erudito pesquisador Sylk Schneider (ele na Alemanha, eu em Olinda), autor de uma obra monumental “A Viagem de Goethe ao Brasil”.
A identidade dos dois povos sempre esteve no foco e interesse das pesquisas do saudoso pernambucano, o cientista político, pesquisador e professor Vamireh Chacon. (Doutor honoris causa pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, professor visitante em universidades da Alemanha, Estados Unidos, França, Inglaterra e Portugal). Foi autor de um texto que ficaria como referencia: “A República de Weimar e a República de Bonn” (1975), assim como textos sobre a identidade teuto-brasileira.
Vamireh tinha linhas de convergências com outro pesquisador de notável erudição acadêmica: André Fabiano Voig, de quem era amigo. “Em nenhum país do mundo se encontraria uma concentração de imigrantes alemães de tal importância, tão coerente e tão isenta de mistura”. Uma leitura, além das citadas, de extrema relevância para quem pesquisa sobre os primórdios dos imigrantes alemães no Recife será o texto que trata dos povos da Alemanha nesta capital, no Recife oitocentista, de autoria de Marcelo Mac Cord, da Universidade Federal Fluminense. Niterói.
O presidente demonstrava claramente simpatia ao nazifascismo no começo das suas práticas ditatoriais. Era o começo da imigração. Foi dele a determinação do caso Olga Benário Prestes, de impedir a vinda ao Brasil do Nobel de Literatura Thomas Mann (“A Montanha Mágica”), inimigo de Hitler, ao ponto de influir e obter adesão da Academia Brasileira de Letras, da qual era “imortal”. Gesto que deixaria o escritor Gilberto Freyre (“Casa Grande & Senzala”) decepcionado. Thomas Mann, já mundialmente famoso, lia muito sobre o Brasil, empolgou-se com a ideia de Gilberto. Havia a intenção de mostrar o Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Em Paraty (RJ) seria a vez de conhecer a casa dos pais de Julia, mãe brasileira de Thomas Mann, onde ela nasceu. O autor de “Morte em Veneza” teria a oportunidade de conhecer, além as paisagens, a pluralidade linguística do Brasil, reflexo das imigrações não só da Alemanha ao longo da história.
Muito está sendo dito nestes dias, não só no Rio Grande do Sul e em Pernambuco, sobre a construção da identidade teuto-brasileira. Segundo fonte do consulado alemão, em 1920, dos 52.870 alemães residentes no Brasil, 1.550 estavam em Pernambuco, hoje são mais dois mil, segundo o Cônsul-geral da Alemanha para o Nordeste, Johannes Bloos. Há fontes que indicam o pioneirismo do Recife na historia dos imigrantes desse país. Tema de uma conversa que tive, há poucos dias, pelo telefone, com o erudito pesquisador Sylk Schneider (ele na Alemanha, eu em Olinda), autor de uma obra monumental “A Viagem de Goethe ao Brasil”.
A identidade dos dois povos sempre esteve no foco e interesse das pesquisas do saudoso pernambucano, o cientista político, pesquisador e professor Vamireh Chacon. (Doutor honoris causa pela Universidade de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, professor visitante em universidades da Alemanha, Estados Unidos, França, Inglaterra e Portugal). Foi autor de um texto que ficaria como referencia: “A República de Weimar e a República de Bonn” (1975), assim como textos sobre a identidade teuto-brasileira.
Vamireh tinha linhas de convergências com outro pesquisador de notável erudição acadêmica: André Fabiano Voig, de quem era amigo. “Em nenhum país do mundo se encontraria uma concentração de imigrantes alemães de tal importância, tão coerente e tão isenta de mistura”. Uma leitura, além das citadas, de extrema relevância para quem pesquisa sobre os primórdios dos imigrantes alemães no Recife será o texto que trata dos povos da Alemanha nesta capital, no Recife oitocentista, de autoria de Marcelo Mac Cord, da Universidade Federal Fluminense. Niterói.
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