A contribuição do Recife para a Fotografia moderna
Marcus Prado
Jornalista
Publicado em: 17/08/2022 03:00 Atualizado em: 17/08/2022 00:38
O que se disser do Recife sobre o Dia Mundial da Fotografia, no próximo 19 de agosto, data em que se comemora, também, no Brasil, o Dia do Patrimônio, remete para uma época pernambucana e seu valor presente em que a arte inventada por Joseph Niépce alcançou prestígio e respeito no resto do país.
Assim como Pernambuco figura ainda hoje na lista de possuidores de maior volume de bens tombados em níveis estadual e federal, patrimônios edificados e intangíveis, tivemos uma fase de ouro na produção de Fotografia como arte maior. Foi a época de Benício Dias, biografado por Albertina Malta e Rita de Cássia Barbosa, ambas da Fundação Joaquim Nabuco; os anos de Alexander Berzin, Alcedo e Alcir Lacerda (Alcir, também biografado por sua filha, Albertina Malta), Ájax Pereira, Edmond Dansot, Clodomir Bezerra, Sebastião Lucena (autor do projeto de singular qualidade O homem e sua casa, sobre Gilberto Freyre no Solar de Apipucos, hoje casa-museu), ainda sem esquecer os pintores e também fotógrafos Lula Cardozo Ayres e Ladjane Bandeira, todos reunidos para sempre no arquivo-museu-tesouro pernambucano de imagens, o Cehibra, da Fundaj, aberto diariamente, em Apipucos.
São Paulo, com o seu Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939, seus famosos salões internacionais e publicações, não estava só na história pioneira da Fotografia moderna do Brasil. Na mesma época, com maior representatividade, a partir da década de 50, Pernambuco tinha muito a dizer e mostrar dentro e fora do país, com uma geração de fotógrafos em torno do Foto Cine-Clube Recife (Rua da Imperatriz, 246) e da figura generosa e emblemática de Alexander Berzin, ele que foi um grande colaborador, como fotógrafo, nas pesquisas de campo de Gilberto Freyre. O que de melhor acontecia, no Recife, no campo da Fotografia, de imediata e sólida qualidade, rivalizando com São Paulo, acha-se no livro da professora e pesquisadora pernambucana Fabiana Bruce, Luz e Sombras – A Fotografia moderna no Recife na década de 1950, com o selo forte da Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco. As reuniões semanais, as pesquisas, os cursos, as exposições que marcaram época, as excursões do FCCR acham-se no livro de Fabiana, que recomendo como excelente roteiro histórico de um tempo recifense e brasileiro de uma geração até hoje sem igual de grandes fotógrafos. Estou sabendo que o ideário dos pioneiros da Fotografia moderna no Recife continua aceso com o surgimento de novos talentos, a partir do projeto de Fernando Neves, com a Galeria Arte Plural, na Rua da Moeda, 140, e com o legado do grupo Câmera Escura, com Antônio Domingos (Presidente), que teve infelizmente pouca duração. Uma geração que fazia lembrar o Grupo dos 20, também do Recife.
Entre os mais novos fotógrafos, o que pode ser visto como talvez o melhor da sua geração, (são muitos, bem sei), tem sido o Daniel Soutinho, para mim, a maior revelação não só recifense, como fotógrafo de documentação paisagística e de prospecção de signos que influenciam as imagens, como metáfora das formas de ver, o grande segredo da arte fotográfica. Daniel, atraído pela Fotografia desde a juventude, com formação acadêmica em Administração (Unicap), e fechar negócios dos quais era titular, para se dedicar à sua vocação: à arte fotográfica, à que tem relação com os desafios da criatividade, com a sensibilidade e percepção inaugural das coisas. O seu posicionamento de olhar, a sua escolha de tons, cores e luminosidade, o seu entendimento de luz e sombra, suas tomadas de ângulos inéditos, nos dá a impressão de que é possuidor de uma técnica fotográfica e estilística de quem teve uma boa linhagem de aprendizado, qualidade determinante na Fotografia de qualquer época. É seu o projeto já iniciado de construir um ensaio sobre as cidades de Pernambuco de tradição histórica vistas do alto.
Assim como Pernambuco figura ainda hoje na lista de possuidores de maior volume de bens tombados em níveis estadual e federal, patrimônios edificados e intangíveis, tivemos uma fase de ouro na produção de Fotografia como arte maior. Foi a época de Benício Dias, biografado por Albertina Malta e Rita de Cássia Barbosa, ambas da Fundação Joaquim Nabuco; os anos de Alexander Berzin, Alcedo e Alcir Lacerda (Alcir, também biografado por sua filha, Albertina Malta), Ájax Pereira, Edmond Dansot, Clodomir Bezerra, Sebastião Lucena (autor do projeto de singular qualidade O homem e sua casa, sobre Gilberto Freyre no Solar de Apipucos, hoje casa-museu), ainda sem esquecer os pintores e também fotógrafos Lula Cardozo Ayres e Ladjane Bandeira, todos reunidos para sempre no arquivo-museu-tesouro pernambucano de imagens, o Cehibra, da Fundaj, aberto diariamente, em Apipucos.
São Paulo, com o seu Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939, seus famosos salões internacionais e publicações, não estava só na história pioneira da Fotografia moderna do Brasil. Na mesma época, com maior representatividade, a partir da década de 50, Pernambuco tinha muito a dizer e mostrar dentro e fora do país, com uma geração de fotógrafos em torno do Foto Cine-Clube Recife (Rua da Imperatriz, 246) e da figura generosa e emblemática de Alexander Berzin, ele que foi um grande colaborador, como fotógrafo, nas pesquisas de campo de Gilberto Freyre. O que de melhor acontecia, no Recife, no campo da Fotografia, de imediata e sólida qualidade, rivalizando com São Paulo, acha-se no livro da professora e pesquisadora pernambucana Fabiana Bruce, Luz e Sombras – A Fotografia moderna no Recife na década de 1950, com o selo forte da Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco. As reuniões semanais, as pesquisas, os cursos, as exposições que marcaram época, as excursões do FCCR acham-se no livro de Fabiana, que recomendo como excelente roteiro histórico de um tempo recifense e brasileiro de uma geração até hoje sem igual de grandes fotógrafos. Estou sabendo que o ideário dos pioneiros da Fotografia moderna no Recife continua aceso com o surgimento de novos talentos, a partir do projeto de Fernando Neves, com a Galeria Arte Plural, na Rua da Moeda, 140, e com o legado do grupo Câmera Escura, com Antônio Domingos (Presidente), que teve infelizmente pouca duração. Uma geração que fazia lembrar o Grupo dos 20, também do Recife.
Entre os mais novos fotógrafos, o que pode ser visto como talvez o melhor da sua geração, (são muitos, bem sei), tem sido o Daniel Soutinho, para mim, a maior revelação não só recifense, como fotógrafo de documentação paisagística e de prospecção de signos que influenciam as imagens, como metáfora das formas de ver, o grande segredo da arte fotográfica. Daniel, atraído pela Fotografia desde a juventude, com formação acadêmica em Administração (Unicap), e fechar negócios dos quais era titular, para se dedicar à sua vocação: à arte fotográfica, à que tem relação com os desafios da criatividade, com a sensibilidade e percepção inaugural das coisas. O seu posicionamento de olhar, a sua escolha de tons, cores e luminosidade, o seu entendimento de luz e sombra, suas tomadas de ângulos inéditos, nos dá a impressão de que é possuidor de uma técnica fotográfica e estilística de quem teve uma boa linhagem de aprendizado, qualidade determinante na Fotografia de qualquer época. É seu o projeto já iniciado de construir um ensaio sobre as cidades de Pernambuco de tradição histórica vistas do alto.
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