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Os critérios de ESG e o Exército Brasileiro

Helder de Barros Guimarães
Cel R1. Assessor de Meio Ambiente do CMNE

Publicado em: 02/05/2022 03:00 Atualizado em: 01/05/2022 23:40

Os conceitos de ESG (Environmental, Social e Governance) são cada vez mais comuns no meio corporativo. Segundo pesquisa publicada na revista Valor, o Brasil foi o país latino-americano que mais pesquisou pela sigla ESG nos últimos 12 meses e um dos 25 países no mundo que mais buscou pela temática no período. Em pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), 95% das companhias brasileiras veem o tema de ESG como prioridade.

Mas o que ESG tem a ver com o Exército Brasileiro? Podemos afirmar que o conceito de ESG está intrinsecamente ligado não só ao Exército, mas também a todo o setor público brasileiro. Para confirmar esta assertiva, basta uma rápida leitura em dois documentos, a Constituição Federal, que traz em seus princípios fundamentais o respeito à cidadania e à dignidade humana, e a Agenda 2030 do Brasil, que é um compromisso em forma de plano de ação que o Brasil assumiu em um esforço global para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Esta agenda foi concebida em setembro de 2015, por representantes dos 193 Estados-membros da ONU que se reuniram em Nova York e comprometeram-se a tomar medidas ousadas e transformadoras para promover o desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos sem deixar ninguém para trás. A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz universal. Ela é composta por um conjunto de  17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos. O Exército Brasileiro, por meio do Ministério da Defesa, participou ativamente da elaboração deste documento.

Em linhas gerais, ESG significa usar fatores Ambientais, Sociais e de Governança para avaliar organizações e países em quão avançados estão com a sustentabilidade.

Os fatores ambientais incluem, por exemplo, a contribuição de uma organização ou governo para a mudança climática por meio de emissões de gases de efeito estufa, juntamente com o gerenciamento de resíduos e a eficiência energética. Já os fatores sociais relacionam-se à responsabilidade social e ao impacto das entidades em prol da comunidade e sociedade. A governança se refere a um conjunto de regras ou princípios que definem direitos, responsabilidades e expectativas entre os diferentes stakeholders das corporações. Um sistema de governança corporativa bem definido pode ser usado para equilibrar ou alinhar interesses entre as partes interessadas e pode funcionar como uma ferramenta para apoiar a estratégia de longo prazo de uma organização.

Nesta perspectiva, em 2021, o Exército aprovou sua Política de Desenvolvimento Sustentável, a qual tem entre seus princípios a promoção do desenvolvimento institucional, social, econômico, político, cultural e ambiental de tal forma a assegurar as necessidades da geração atual sem comprometer as futuras gerações. Alinhado com os mais modernos conceitos de sustentabilidade, esta Política vem a ser um marco no setor público brasileiro, pois confirma o importante papel que o Exército tem na sociedade brasileira.

De forma mais objetiva e prática, em março de 2022, foi lançada a pedra fundamental da nova Escola de Sargentos do Exército em Pernambuco. Um dos maiores empreendimentos do Exército nas últimas décadas e que tem o objetivo de unificar a formação dos Sargentos de carreira da Força Terrestre. Esta escola está sendo concebida à luz dos mais modernos conceitos de sustentabilidade e, consequentemente, recheada de critérios de ESG. Acredita-se que a escola terá a oportunidade de ser um legado nos aspectos sustentáveis, não só para o estado de Pernambuco, mas a possibilidade de ser uma das mais representativas instituições de ensino superior sustentável do Brasil.

Tanto o setor público como o privado estão agora cientes da crescente importância  atribuída à capacidade de uma instituição demonstrar que não está apenas interessada em cumprir os requisitos relevantes por obrigação, mas porque têm um verdadeiro compromisso com as questões sustentáveis que vão além das obrigações de cumprir o estabelecido em legislação ou regulamento.

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