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As sequelas da privatização

Paulino Fernandes de Lima
Defensor público do estado de Pernambuco e professor

Publicado em: 12/05/2022 03:00 Atualizado em: 11/05/2022 23:22

Durante muitos anos, falar-se em privatização do que era público, soava quase como heresia. Todavia, nos últimos anos, especialmente a partir do Governo FHC (leia-se “Fernando Henrique Cardoso”, em caso de eventual esquecimento do significado da sigla), levantar a bandeira da desestatização pareceu tão normal, que mesmo durante o governo atual, que poderia ser contrário, a insistência no modelo (para lá de liberal), passou a ser comum.

Pensava-se que, devido ao discurso de defesa do país do atual presidente, soar como de militar, ou seja, de preservação do que é do Estado, os movimentos que ele empreende, na real, não demonstram isso.

Quer saber? Não é só em tema de privatização (Economia), que o atual mandatário se distanciou, como nenhum outro que o antecedeu, de ideais patrióticos, que um verdadeiro conservador, deveria manter.

Além desse olhar distinto para um dos principais pilares do país, que é a Economia, o governo já acumula fracassos e mais fracassos noutras áreas, tais como a de saúde e de educação. Nem o olhar destacado para a área da segurança pública, que alguns pensavam que existiria, até hoje não foi deflagrado, já que a categoria, em geral, nem condignamente remunerada vem sendo.

Mas voltando ao peso indesejável que o país carrega ainda hoje e até Deus sabe quando, devido à onda de privatizações que foram, a torto e a direito, postas em consecução, vemos quanto se paga caro e por nada em troca, quando, por exemplo, pensamos no que foi feito em relação aos aeroportos.

Foi dito no ano passado, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que até o final do atual governo (o que, espera-se, não seja tarde), que todos os aeroportos do país estarão privatizados, conforme notícia no site: https://economia.ig.com.br/2021-12-02/privatizacao-aeroportos-guedes.html.

Esse desejo de “basta” de privatizações é pelo que assistimos, presentemente, ao embarcar e desembarcar por aí, como no caso do Aeroporto do Recife, que foi um dos privatizados.

Um dos problemas mais graves que se pode constatar nele, por exemplo, diz respeito à completa falta de segurança, não só na área interna, como no seu derredor. Viajantes são constantemente abordados, a toda hora e em todo espaço, de forma ameaçadora, por pessoas, que perderam a noção de como pedir. Isso sem se falar das abordagens, não só aliciantes, mas ameaçadoras, por parte de pessoas que se apresentam como motoristas.

Quem chega ao Aeroporto do Recifef ica praticamente em situação de ameaça a todo tempo, e nem adianta tentar responder, educadamente, às abordagens, porque passam a fazer assédios e ameaças de qualquer jeito.

Custaria à Administração do local garantir segurança em relação a isso, principalmente levando-se em conta os desarrazoados e desproporcionais valores que são pagos pelos usuários? Custaria não. Eis só uma das sequelas da privatização.

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