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O caminho da boa política

Simone Tebet
Senadora e pré-candidata a presidente pelo MDB

Publicado em: 08/12/2021 03:00 Atualizado em: 07/12/2021 23:00

Muito cedo, quando ouvia, ainda criança, as conversas de portas entreabertas entre o meu pai e seus correligionários do MDB daquele tempo. Quis a história que o mesmo MDB do meu pai me convocasse para que, junto aos meus companheiros de agora, me predispusesse a cumprir a missão mais importante da vida de um ser político: ser candidata à Presidência da República.

Aceitei porque o MDB, meu partido desde sempre, teve um papel central na restauração da nossa democracia. Foi um intransigente defensor das liberdades. Lutou pelo fortalecimento das instituições republicanas e para que o país encontrasse o seu verdadeiro rumo. O MDB nunca faltou ao chamado da nossa história, principalmente quando atravessamos tempos de maior turbulência política, social e econômica.

Aceitei porque o Brasil de hoje exige uma nova arquitetura política que carregue em si o clamor da urgência. Mais do que outras regiões, os estados do Nordeste são os que mais sofrem com a angústia da fome. Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Pessan), 7,7 milhões de nordestinos conviveram com a fome no ano passado.

Sempre fui a favor de programas sociais, como Bolsa Família, Auxílio Brasil ou qualquer nome que queira se adotar. O importante é a finalidade: combater a fome. Isso se faz distribuindo renda sim. Mas, para dar esperança às pessoas, é preciso ir além. É preciso que esses programas tragam sementes de emancipação na sua própria essência, a serem fertilizadas, principalmente, pela educação e pela geração de empregos.

Nossos jovens sobrevivem desafortunados em nossas cidades, sem horizonte nem esperança, fruto de um ensino público precário e da ausência de vagas no mercado de trabalho.

Nossos trabalhadores e trabalhadoras também não encontram emprego, em consequência de uma política econômica míope que visa apenas à prosperidade de poucos.

Temos um governo sem planejamento, sem uma política nacional e regional de desenvolvimento, e que, sem reformas estruturantes e sem orçamento para ciência e tecnologia, permite o sucateamento do nosso parque industrial, o fechamento do comércio e a destruição das oportunidades de trabalho dos prestadores de serviços.

Precisamos reconstruir este país com firmeza, coragem e determinação, e fazer a mudança que realmente importa: a do compartilhamento das nossas riquezas, através da igualdade de oportunidades.

O que isto significa? Significa que todas as crianças e todos os jovens tenham uma educação pública de qualidade, com valorização dos professores, da ciência e da tecnologia, com currículo condizente com os desafios do mundo moderno.

Significa igualdade de oportunidades para que todos possam ter acesso, por meio de SUS devidamente financiado, à saúde básica gratuita e eficiente.

Significa igualdade de oportunidades, para que todos alcancem a verdadeira cidadania, por meio do emprego, do trabalho e da remuneração digna.

Significa, dada a incapacidade do poder público em investir na infraestrutura, pela exigência de vultosos recursos, a busca por parcerias público-privadas, que só serão viabilizadas após a consolidação de um ambiente adequado de negócios: segurança institucional (pelo amor à democracia) e jurídica (pelo respeito à Constituição).

Sou mulher, mãe, professora, advogada. Além de prefeita, fui vice-governadora do meu estado, Mato Grosso do Sul. Hoje, sou senadora da República. Os valores cristãos, eu os aprendi no seio familiar. Os valores do trabalho, eu aprendi em minha atividade profissional. Os valores do bem-público, eu aprendi na política, nos seus embates e confrontos, consciente de que não há valor maior do que o bem coletivo, a liberdade e a igualdade de oportunidades.

São esses os valores que levo comigo nesta nova empreitada política, consciente das pedras no meio do caminho, mas como disse o poeta, “o caminho se faz ao caminhar”.  Esta será a minha missão: construir um novo caminho, sem essas pedras que nos levam a uma das maiores desigualdades sociais de todo o planeta, embora a riqueza dos nossos recursos naturais e humanos. O que me move é a convicção de que, na política, missão não se escolhe. Cumpre-se. Quem escolhe missões no caminho da política é porque perdeu-se da política no meio do caminho.

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