O cidadão do mundo e o nordestinado
Michel Zaidan
Professor-titular da UFPE (aposentado). Coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia da UFPE
Publicado em: 22/09/2021 03:00 Atualizado em: 21/09/2021 22:55
Toda vez que penso no “homem telúrico” de Raquel de Queiroz, lembro de Josué de Castro e Paulo Freire. Enquanto Gilberto Freyre e os armorialistas declaravam seu amor à “terra esturricada” do Nordeste, e transformaram a necessidade em virtude, às custas de uma estetizacao do atraso. Da cocada, do alfinim ou do bolo de Souza Leão, esses pernambucanos ilustres tornaram-se cidadãos do mundo. Exilados de sua terra nordestina, foram trabalhar para a emancipação da humanidade pobre e sofrida. Paulo Freire foi trabalhar para o Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra, e implantar projetos de alfabetização nos países do Terceiro Mundo, do qual resultaram suas obras-primas sobre a educação dos oprimidos - Educação como prática da liberdade e Pedagogia do Oprimido.
Educação como projeto político-pedagogico, não só pedagógico (letramento). A incorporação dos saberes do mundo ao processo. Educativo, transforma a escola num meio de socialização política extraordinária.
A obra freriana me serviu de inspiração, na assessoria da Secretaria de Educação municipal, na gestão de Edla Soares. As noções de cidadania ludens ou cidadania vox foram diretamente influenciadas pela Pedagogia do Oprimido. Quando fiz uma espécie de agenda pedagógica para o “programa do protagonismo juvenil”, da Secretaria Estadual de Educação, na época de Mozart Neves Ramos, recolheu das sugestões freireanas muitas ideias. A questão da cotidianeidade, da cultura popular, ler a escrita do mundo, e a aprendizagem como reescrever ou mudar essa escrita do mundo, são produto direto de Paulo Freire. Embora não concordadasse integralmente com os pressupostos filosóficos (humanistas católicos, fenomenológico e existencialista cristãos) do autor, soube valorizar muito a ambientação social e política da sua pedagogia.
Já de Josué de Castro, a sugestão do caranguejo com cérebro, antenado com o mundo é uma imagem poderosa. O humanismo cosmopolita, a cidadania planetária, o cidadão do mundo.
Educação como projeto político-pedagogico, não só pedagógico (letramento). A incorporação dos saberes do mundo ao processo. Educativo, transforma a escola num meio de socialização política extraordinária.
A obra freriana me serviu de inspiração, na assessoria da Secretaria de Educação municipal, na gestão de Edla Soares. As noções de cidadania ludens ou cidadania vox foram diretamente influenciadas pela Pedagogia do Oprimido. Quando fiz uma espécie de agenda pedagógica para o “programa do protagonismo juvenil”, da Secretaria Estadual de Educação, na época de Mozart Neves Ramos, recolheu das sugestões freireanas muitas ideias. A questão da cotidianeidade, da cultura popular, ler a escrita do mundo, e a aprendizagem como reescrever ou mudar essa escrita do mundo, são produto direto de Paulo Freire. Embora não concordadasse integralmente com os pressupostos filosóficos (humanistas católicos, fenomenológico e existencialista cristãos) do autor, soube valorizar muito a ambientação social e política da sua pedagogia.
Já de Josué de Castro, a sugestão do caranguejo com cérebro, antenado com o mundo é uma imagem poderosa. O humanismo cosmopolita, a cidadania planetária, o cidadão do mundo.
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