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Lembranças do 11 de setembro de 2001

João Alberto Martins Sobral
Jornalista

Publicado em: 10/09/2021 03:00 Atualizado em: 09/09/2021 22:32

Amanhã, fará 20 anos do maior atentado da história moderna, que destruiu as duas torres do World Trade Center, realizado pela Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama Bin Laden, no dia 11 de setembro de 2001. Nele morreram 2.296 pessoas, de 80 nacionalidades diferentes, incluindo os 19 terroristas a bordo dos dois aviões Boeings 767, um da American Airlines, que fazia o Voo 11; outro da United Airlines, do Voo 175. Eles atingiram as torres no dia 11 de setembro de 2001, o primeiro às 8h46 (9h45 no horário do Recife; o segundo às 9h03 (10h03 no Recife). Dos 20 terroristas envolvidos no plano, um não embarcou, Zacarias Moussaoui, de origem francesa, que foi preso e condenado à prisão perpétua.

Vou lembrar momentos que vivi em torno dos dois prédios. Antes do atentado, nas dezenas de viagens que fiz a Nova York, estive nele várias vezes. A estação do metrô, com o nome do prédio, ficava no térreo, com lojas no acesso aos elevadores, famosos na época pela sua rapidez. Fui pelo menos 10 vezes ao 110º andar, que tinha um mirante com vista fantástica da cidade. Numa das viagens, fiquei hospedado no Marriott World Trade Center, bem em frente e que sofreu abalos e teve que ser derrubado

Certa vez, encontrei, entrando num banco que funcionava no prédio, Ricardo Amaral, que eu conhecia da sua boate Hippopotamus, que teve filial no Recife. Como era meio-dia, ele me convidou para ir almoçar no Windows on the World, luxuoso restaurante no 107º andar.

Duas semanas antes do atentado tinha ido a Nova York e passado pelo local, que tinha em frente uma loja que eu adorava. Eu e todos o brasileiros: a Century 21, famosa pelos seus preços baixos. Vi as primeiras cenas do atentado na TV, que inicialmente falava num pequeno avião, até ser descoberta a verdadeira dimensão da tragédia, que acompanhei pelo rádio do carro, enquanto ia para o jornal. Lá, vi, chocado, as novas e terríveis imagens.

Dois meses depois, quando pouca gente queria ir a Nova York, com medo de novos atentados, comprei, numa oferta especial, passagem da United Airlines e voltei a Nova York, no dia 12 de novembro de 2001. Estava pegando a mala no Aeroporto John Kennedy,  em torno das 9h30, quando soou uma forte sirene e um corre-corre enorme, de passageiros e funcionários. Na área externa, depois de duas horas, soube que um Airbus da American Airlines havia caído, pouco depois de decolar para Santo Domingo, em Rockaway Beach, bairro de classe média baixa perto do aeroporto. Claro que se imaginou outro atentado. Resultado: todos os acessos ao aeroporto foram fechados. Impossível conseguir um táxi. Ao lado de um grupo de uruguaios que veio no meu voo, decidi usar o metrô. Fui para a Estação Jamaica, numa linha de pouco movimento, com os passageiros, digamos mal encarados. Sem problemas consegui chegar ao meu hotel, em Manhattan. O local estava normal, mas com um impressionante número de policiais. Fui até uma lan house para mandar uma matéria sobre o episódio, que o Diario de Pernambuco publicou na primeira página. Na época, não havia celulares. Na TV do hotel, vi a informação de que a queda do avião naquele dia, não tinha sido um atentado, segundo as autoridades. O aeroporto só voltou a funcionar às 19h, depois de ter dezenas de voos cancelados.

No dia seguinte, fui andar por downtown, o centro financeiro da cidade. Mesmo tanto tempo depois, ainda havia poeira por toda parte, no ar, quase irrespirável, nas vitrines das lojas em torno, quase todas fechadas. E, claro, a Century 21. Um quadro desolador. Na área onde existiam as torres gêmeas uma verdadeira montanha de restos dos prédios. As ruas vazias, centenas de pessoas cuidando da limpeza. As linhas do metrô tinham sido deslocadas e tive de descer numa estação muito distante e andar a pé. Fui encontrando praticamente tudo fechado, pouquíssimas lojas e lanchonetes funcionando, o movimento de ônibus e táxis extremamente reduzido.

No local das antigas torres, foi construído o One World Trade Center, um prédio moderníssimo, ainda mais alto, com 541 metros de altura e 104 andares. As torres derrubadas tinham 415m e 417m. Custaram R$ 10 bilhões. Elevadores ainda mais rápidos levam ao mirante no alto, que tem vista fantástica de Manhattan, do Brooklyn e de Nova Jersey. E parte do piso transparente, que dá para ver a rua, centenas de metros abaixo. Sempre com filas imensas. Ao lado, o emocionante memorial às vítimas e um museu que lembra o 11 de setembro, com peças impressionantes. Já estive três vezes nos dois locais, que continuam ícones do turismo da Capital do Mundo. Estou apenas esperando a reabertura das fronteiras, para voltar a Nova York. Que, nunca escondi, é minha cidade preferida  no mundo, depois do Brasil. Mesmo sabendo que não vou encontrar mais a Century 21, que faliu.

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