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Máscara partidária

Hely Ferreira
Cientista político

Publicado em: 08/04/2021 03:00 Atualizado em: 08/04/2021 05:45

“O subterfúgio pode ser uma maneira de dizer sim ou não” (Anônimo).

O sacerdote persa Mani viveu no século III d. C.  Ele se definia como o responsável por levar o aperfeiçoamento da doutrina cristã. Dando origem ao que se chama de Maniqueísmo. Sendo composta de elementos do gnosticismo, do cristianismo e ideias orientais. Promovendo um dualismo forjado nas ideias de Zoroastro. Crendo que o mundo vive em uma luta interminável entre o bem e o mal. A antropologia maniqueísta entende que o ser humano é representado por intermédio de duas almas: uma corpórea, sendo ela a que representa o mal, e a chamada de luminosa, que é a do bem. As ideias maniqueístas ganharam adeptos no Oriente e Ocidente.

Embora o maniqueísmo tenha sido combatido de maneira tenaz pela igreja, onde Agostinho se destacou como seu principal opositor, o mesmo permanece vivo. Quando não explícito, o encontramos em atitudes sorrateiras conscientes, ou não, de quem o pratica.

Infelizmente, o Brasil vive um maniqueísmo constante e, nos últimos dez anos, tem sido praticado com muita pujança. Assistimos a um país dividido, onde aqueles que não corroboram dos mesmos ideais são vistos como algo que deve ser execrado. Acreditando que liberdade de expressão é sinônimo de agressão. As pessoas não podem divergir principalmente, na política, no direito, no credo religioso e no futebol. Todos são obrigados viverem em uma sociedade em que Marcuse chamou de unidimensional.

Talvez o modelo encarado pelo frankfurtiano tenha condições de explicar o que faz muitos não utilizarem a máscara para evitar o contágio do novo vírus. Afirmando que os que a utilizam fazem parte do grupo de opositores ao governo e os que não a usam são seus asseclas. Lamentavelmente, mas até as questões de medidas de saúde, tornaram-se motivos de partidarismo, promovida muitas vezes por ausência de informação, ou birra.

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