Desde 17 de março último, o famoso cantor mineiro Agnaldo Timóteo, nascido em Caratinga, vítima da coronavírus, encontrava-se internado, na Unidade de Terapia Intensiva, em hospital da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em estado considerado grave da Covid-19. Sábado, dia 3, mesmo já vacinado duas vezes, não resistiu à gravidade que lhe atingiu a doença, vindo a falecer aos 84 anos de idade, deixando um vazio na música popular romântica do país.
De origem humilde, foi torneiro mecânico e motorista. Exercendo esta profissão para a famosa cantora Ângela Maria conseguiu dar seus primeiros passos na música popular brasileira, tendo, antes, tentado a sorte em programas de calouros, inclusive no de Chacrinha.
Não fora essa a única vez que Agnaldo Timóteo havia sido internado, vítima de grave problema de saúde, pois, há pouco mais de um ano, sofrera um acidente vascular cerebral – AVC -, que lhe deixou nada menos de dois meses sob cuidados médicos, necessitando, também, respirar através de aparelhos. Após recuperar a saúde, voltou a cantar com a mesma riqueza de voz.
Embora houvesse gravado cerca de 500 músicas, algumas inclusive com Ângela Maria e Cauby Peixoto, foi, talvez, com a composição Meu grito, de autoria de Roberto Carlos, em 1967, que Timóteo alcançou a fama, ao participar do Movimento Jovem Guarda. Sucederam-se a esta canção grandes sucessos musicais, que seriam até enfadonhos enumerá-los. Todavia, não poderia deixar de registrar algumas delas, entre as quais: Os verdes campos de minha terra, Mamãe estou tão feliz, Mamãe, Minha mãe, minha heroína, Dona de meu mundo, A fama da mulher, Casa do sol nascente, Quem sabe, Orgulho, Negue, Último telefonema, Etiquetas, Os brutos também amam, A praia e até em italiano com o sucesso internacional Roberta.
Agnaldo era um fervoroso torcedor do Botafogo, do Rio de Janeiro, tanto assim que fez questão de custear as despesas de funeral do craque alvinegro Garrincha, quando este faleceu.
Embora houvesse me encontrado, várias vezes, com Timóteo, foi em um campo de futebol que tive a maior aproximação com o cantor, que era também político, tendo sido eleito uma vez vereador e duas deputado federal. Curioso que ao assumir a Câmara dos Deputados, em seu discurso de posse, em vez dos tradicionais pronunciamentos, usou o telefone e comunicou à sua mãe, a quem adorava, que estava assumindo uma cadeira no Poder Legislativo Federal.