Diario de Pernambuco
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Projetos anunciados e nunca concretizados (2ª parte)

João Alberto Martins Sobral
Jornalista

Publicado em: 12/02/2021 03:00 Atualizado em: 12/02/2021 05:56

Sonho Azul: Desde o início dos anos 70, havia uma linha de trem entre o Recife e Fortaleza, chamada de  Expresso Asa Branca, operada pela Rede Ferroviária do Nordeste. Em 1975 foi inaugurado o Sonho Azul, um trem de luxo, que fazia uma viagem por semana entre as duas capitais. Justificando seu nome, os vagões eram pintados de azul royal. Para enfrentar as muitas horas da viagem, uma completa estrutura, como poltronas reclináveis e acolchoadas, ar condicionado, sistema de som, banheiros e outros confortos, menos as cabines-leitos já muito usadas nos trens da Europa. O Sonho Azul tinha um vagão restaurante. Fui um dos convidados para a viagem inaugural, que acabou sendo um fiasco. Logo no início, o ar condicionado pifou, o calor era infernal. Em Gravatá, veio e informação de que a viagem continuaria no calor; o conserto só seria feito em Fortaleza. Junto com a maioria dos convidados, desci. Um dos convidados mandou buscar seu carro no Recife para nos levar de volta. Depois de muito esforço para conseguir fazer uma ligação por telefone, numa época em que o celular nem sonho era. As passagens eram caras e cobradas por trechos, que eram muitos no roteiro. O Sonho Azul se tornou altamente deficitário e circulou por apenas dois anos.

CCBB: Participei, quando era funcionário do Banco do Brasil, diretamente do projeto de implantação de um Centro Cultural Banco do Brasil no Recife, uma iniciativa do então presidente do BB, o sergipano Camilo Calazans, muito ligado ao nosso estado. Depois de várias conversações, ficou decidido que o espaço seria na antiga estação da Rede Ferroviária do Nordeste. Para concluir o projeto, dois funcionários vieram para o Recife, onde ficaram três anos, mas o CCBB acabou por não se tornar realidade. O que foi uma pena. Existem unidades no Rio, São Paulo e Brasília, todos com intensa programação cultural. Claro antes da pandemia. Do nosso nunca mais se falou nada.

Arco Metropolitano: Uma das condições impostas pela Fiat para instalar sua fábrica em Goiana foi a construção do arco metropolitano, que ligaria aquela cidade a Suape, facilitando o transporte dos veículos a serem enviados para outros locais. Estava na inauguração da fábrica, quando a então presidente Dilma Rouseff garantiu que o governo faria a obra, que acabaria com o caótico trânsito em Abreu e Lima. Obra não saiu do papel e até hoje muitos executivos da Fiat preferem morar em João Pessoa, diante da dificuldade de chegar ao Recife. O governo do estado, depois anunciou a construção de um miniarco e agora o governo federal promete reativar o projeto.

Hub da Latam: Em 2014, Cláudia Sender, que era a presidente da Latam, anunciou o projeto de criar um hub (centro de distribuição de voos) da empresa no Nordeste. Fez um verdadeiro leilão entre Salvador, Recife e Fortaleza, para escolha do local. Era muito importante, pela geração de voos e empregos. Suas muitas exigências foram estudadas pelos estados da Bahia, Pernambuco e Ceará. Paralelamente, Felipe Carreras, então secretário de Turismo de Pernambuco, trabalhou nos bastidores e em silêncio, e conseguiu atrair o hub da Azul, que começou a funcionar em 2015 e transformou-se no mais movimentado da empresa, que tem outros em Campinas e Belo Horizonte. O resultado é que hoje o Recife tem voos para 32 destinos no país. Chegou a ter para Orlando e Fort Lauderdale, cancelados devido à pandemia.

Casa de José Ermírio: No início da sua carreira como advogado, Jarbas Vasconcelos foi advogado da Votorantim, quando conheceu José Ermírio de Moraes. Foi em função dessa ligação, que ele conseguiu, em 2005, com os filhos do empresário que foi senador por Pernambuco, a doação da bela casa dele, em Piedade, para a instalação de um centro cultural, que preservaria o belo imóvel. O governo do estado não cuidou bem do projeto, a casa acabou invadida por moradores de rua e agora vai se transformar numa unidade do Corpo de Bombeiros. Não se sabe se terá a aprovação dos herdeiros de José Ermírio que fizeram a doação para um centro cultural e não um quartel de bombeiros.

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