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Carnaval de Todos os Tons da Fundaj

Antônio Campos
Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

Publicado em: 09/02/2021 03:00 Atualizado em: 09/02/2021 05:14

O Carnaval é o principal evento da agenda cultural do país. E, neste ano, a festa, devido à pandemia, não ganhará as ruas. O frevo não tocará pelas ladeiras de Olinda e, pela primeira vez, em mais de quatro décadas, o Galo da Madrugada não saudará o Reinado de Momo. Em Salvador e Fortaleza, os trios elétricos não arrastarão multidões pela orla. Os batuques não serão ouvidos em São Luís nem os corsos desfilarão em Teresina. Nem teremos os desfiles glamourosos das escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Como instituição de educação, cultura, pesquisa e preservação da memória, a Fundação Joaquim Nabuco está realizando o Carnaval de Todos os Tons. Estamos com uma programação virtual com exposição sobre a La Ursa, filmes, lançamento de concurso de frevo e oficina educativa para as crianças. Teremos, presencialmente, uma única mostra, no Shopping Center Recife, seguindo todo protocolo de segurança. E toda a grade de eventos está disponível nas redes sociais da Fundaj, desde ontem (8) e até 17 de fevereiro.

Além da rica programação que revela parte da riqueza do acervo da Fundação, vamos homenagear dois grandes pernambucanos: o cronista Antônio Maria e o Maestro Duda. O Carnaval de Todos os Tons celebra o centenário de Maria, cuja data é 17 de março próximo. O músico terá sua dedicação ao frevo reconhecida no Concurso Nordestino de Frevo - Homenagem ao Maestro Duda.  

Além de cronista, Antônio Maria foi um grande compositor e comentarista. Essa homenagem é justa. Reconhece sua trajetória profissional e marca seu centenário. São de sua autoria alguns dos grandes frevos, entre eles os frevos nº 1, nº 2 e nº 3 do Recife. Morando no Rio de Janeiro, Maria não esqueceu sua  terra natal. E deixou marcado o que sentia. No Frevo nº 1 de Recife versou:

“Ô ô ô saudade. Saudade tão grande. Saudade que eu sinto. Do Clube das Pás, do Vassouras. Passistas traçando tesouras. Nas ruas repletas de lá. Batidas de bombos. São maracatus retardados. Chegando à cidade, cansados. Com seus estandartes no ar. Que adianta se o Recife está longe. E a saudade é tão grande. Que eu até me embaraço…”.

Por sua vez, a homenagem ao Maestro Duda reconhece seus 71 anos de dedicação ao frevo. O Concurso Nordestino de Frevo - Homenagem ao Maestro Duda terá seis categorias e 12 contemplados: Melhor Frevo de Rua, Melhor Frevo de Bloco e Melhor Frevo Canção, Melhor Intérprete, Melhor Arranjo e Hino da Turma da Jaqueira Segurando o Talo. A Fundaj, além de revelar novos talentos, com os valores pagos nas premiações, de R$ 4 mil a R$ 10 mil,  vai fomentar esse setor tão abalado pela pandemia.

Regente, compositor, arranjador e instrumentista, Maestro Duda tem um dom. Começou a estudar música aos 8 anos em sua terra natal, Goiana, na Mata Norte pernambucana. Aos 10 compôs seu primeiro frevo, “Furacão”. E aos 86 anos permanece com a música  correndo em suas veias.  Suas composições foram gravadas por nomes como Jamelão. O maestro teve sua excelência cultural ressaltada em 2010, quando foi eleito Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco.

Com a Fundação Joaquim Nabuco, ainda em 1987, foi responsável pelo arranjo, regência e direção artística em todas as músicas da terceira edição da série “Compositores pernambucanos”, lançado pelo Centro de Estudos de Documentação da História Brasileira (Cehibra). É dessa forma e com essas homenagens que a Fundaj levará o Carnaval a casa de vocês, leitores. Entrem nas redes sociais da Fundação e aproveitem nossa programação.

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