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Título de Cidadania aprovado, esperado...

Marly Mota
Membro da Academia Pernambucana de Letras
Membro União Brasileira de Escritores, U. B. E. - Rio de Janeiro

Publicado em: 04/12/2020 03:00 Atualizado em: 04/12/2020 00:23

Para cumprir pontualmente o horário da reunião festiva, final da tarde, o carro guiado por mãos ágeis ganhou rapidez pelos caminhos tantas vezes percorridos na infância da cidade que me acolhe e atiça a memória para as coisas boas que aconteceram. Em dualidade com a menina ruiva que me acompanha, retomamos nossos caminhos de saudades, pela rua onde moramos, ao longo da Rua do Frade, ocupada com cadeiras ao longo da calçada, onde morava o sacristão da Igreja Matriz, pai das minhas colegas do Colégio Santana, Zezita e Creusa de Moura Leal. Bem perto estávamos do prédio do Centro de Cultura de Bom Jardim, onde convidada, no final da tarde fiz a palestra na solenidade dos 118 anos da “Emancipação Política da Cidade”de Bom Jardim. Por sugestão do vereador Marconi Gustavo Santana, autor do projeto de resolução, em 16 de fevereiro 1998, concedendo-me o título de cidadã, aprovado pelos membros da Câmara Municipal de Bom Jardim, Casa Desembargador Dirceu Borges.

À porta da Câmara Municipal, pontualmente estavam meus pais, Manuel e Maria Digna Cavalcanti de Arruda, meus três irmãos, meus filhos. O escritor Mário Souto Maior e Carmem Mota Barbosa, ambos primos entre si, meus também. O excelente compositor Dimas Sedicias tocava vários instrumentos, Em 2009 noite da minha posse, cadeira 29 na Academia Pernambucana de Letras, lancei dois livros: Além do Jardim e O Mundo e o Carrossel. Dimas Sedícias escreveu: Marly, não li o seu livro, JANELA. Devorei-o. Você não me deu chance de parar para respirar. Esta é a única maneira de sentir e participar das emoções que também são minhas e de todo bom-jardinense que se preza. O maestro Tetê, mestre da Banda: “Grêmio Lítero Musical Bom-jardinense, conhecido também como Maestro. Além do Grêmio Llítero musical, havia duas bandas populares: O Caldeirão,” a populacho , “Rabada,” O povo em geral era forte na torcida do ‘Caldeirão! Gritavam : “Caldeirão Rabada” não”! repetidas vezes!

Muitos amigos participaram da sessão: O escritor jornalista, Dddo Felix, o casal, José Dácio, pais do excelente compositor Braulio de Castro com sua bem amada, Fátima. Ambos, dedicaram-me, a música e letra. “Um Bloco para Marly Mota.” A capa do CD, traz cópia do meu quadro, Pátio da Matriz. Oferta minha, prazerosa: O compositor Braulio de Castro escreveu: Nossa cidade tão calma, tão bela, eu vi do teu livro : “JANELA: Letra e Música gravadas, no CD “Um bloco para Marly Mota: em homenagem à grande dama da cultura bom-jardinense.” Terminada a sessão entre os muitos abraços, ouvimos o apito do trem, entrando na cidade. A luz do farol focando as paisagens das serras que floresciam como um jardim de Ipês dourado e amarelo. Tempos depois a cidade não era a mesma sem o trem. Arrancaram o coração das pessoas, desativando as linhas férreas. Passado algum tempo fomos à antiga Estação da Great Western. Uma expeça vegetação, cobria tudo, ninguém entrava nos estrito caminho dos trilhos. Lembrei, de um discurso de Cecilia
Meireles : ”Procurei pelo chão os sinais do meu caminho e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.”

Sou bom jardinense, isso eleva meus sentimentos, humanístico e espiritual. Preencho o meu tempo dedicando-me a leituras, releitura de alguns livros: Humanismo Integral, de Jacques Maritain. Demorei a aceitar o computador que nos concede maior aproximação com os amigos. À época muito festejado pelos meus netos no meu pequeno espaço que chamo de ateliê, em meio aos livros, telas tintas, pincéis; para quem faz como eu, da pintura, da leitura, da música uma extensão de afetos.

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