Tereza
Luzilá Gonçalves Ferreira
Membro da Academia Pernambucana de Letras
Publicado em: 04/08/2020 03:00 Atualizado em: 03/08/2020 21:58
De vez em quando, em meio ao rebanho humano de que todos fazemos parte, uns mais salientes, mais visíveis, outros mais conformados em assumir sua passagem pela terra de modo, digamos, competente no desempenho de seu papel de ser racional efêmero “que não se verá duas vezes” (quem foi que escreveu isso?), surgem pessoas extraordinárias. Que parecem terem sido destinadas a experimentar tudo o que a vida coloca diante de nós como dádiva, página em branco a ser preenchida, cada um segundo seus possíveis. Sofrimentos, dores de todo tipo, derrotas, decepções, tédio, fraquezas, tristezas, que se alternam com momentos de alegria, de bem-estar, de prazer, de paz, de vitórias. E que nem sempre conseguimos conciliar, de modo a suportar o peso dessas escolhas – escolhos? - que caem sobre nós.
Tereza Costa Rêgo, que nos deixou na semana passada, grande mulher, grande artista, era um desses seres humanos excepcionais, que mordem a vida como se fosse um belo fruto. Escrevendo suas memórias, Lou Andreas Salomé, escreveu para si mesma: “A vida te dará poucos presentes. Se queres uma vida, é preciso que a roubes.” Tereza Costa Rêgo, pela família, pelo amor dos irmãos, parecia ser fadada a uma existência como a de tantas mulheres de sua classe social, adolescente feliz, talentosa, dona de casa perfeita. De repente a vida desandou – ou começou a andar? e Tereza se pôs a roubar a vida. Descobriu de modo mais premente o alcance da arte e nela se lançou de modo inteiro e apaixonado, conheceu um grande amor, opções políticas exigentes.
Escolheu levar até às últimas consequências estes caminhos que fariam dela o ser humano generoso, admirável em todos os gestos, na amizade, na retidão, que todos nós conhecemos. Que transparece em cada um de seus quadros de que tantas vezes ela fez doação a amigos ou companheiros de ofício. Na alegria e na coragem com que levou adiante a vida. Uma longa vida admirável, plena, na beleza e na juventude de uma mulher de 89 anos confessados com bom humor e de todos invejados. Tereza, a cidade de Olinda que amavas tanto, tua família, tua casa, tuas plantas, teus gatos, teus amigos, teus quadros, vão sentir tua falta. E o Recife ficará menor, mais triste sem você.
Tereza Costa Rêgo, que nos deixou na semana passada, grande mulher, grande artista, era um desses seres humanos excepcionais, que mordem a vida como se fosse um belo fruto. Escrevendo suas memórias, Lou Andreas Salomé, escreveu para si mesma: “A vida te dará poucos presentes. Se queres uma vida, é preciso que a roubes.” Tereza Costa Rêgo, pela família, pelo amor dos irmãos, parecia ser fadada a uma existência como a de tantas mulheres de sua classe social, adolescente feliz, talentosa, dona de casa perfeita. De repente a vida desandou – ou começou a andar? e Tereza se pôs a roubar a vida. Descobriu de modo mais premente o alcance da arte e nela se lançou de modo inteiro e apaixonado, conheceu um grande amor, opções políticas exigentes.
Escolheu levar até às últimas consequências estes caminhos que fariam dela o ser humano generoso, admirável em todos os gestos, na amizade, na retidão, que todos nós conhecemos. Que transparece em cada um de seus quadros de que tantas vezes ela fez doação a amigos ou companheiros de ofício. Na alegria e na coragem com que levou adiante a vida. Uma longa vida admirável, plena, na beleza e na juventude de uma mulher de 89 anos confessados com bom humor e de todos invejados. Tereza, a cidade de Olinda que amavas tanto, tua família, tua casa, tuas plantas, teus gatos, teus amigos, teus quadros, vão sentir tua falta. E o Recife ficará menor, mais triste sem você.
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