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Editorial Sem certeza, não compartilhe

Publicado em: 24/07/2020 03:00 Atualizado em: 24/07/2020 06:26

Informação falsa circula desde que o mundo é mundo. Dizem que a maior parte dos animais do planeta perdeu a arca de Noé por ter recebido mensagem distorcida. Mas, de lá para cá, a humanidade percorreu longo caminho. À medida que a civilização avançou, verdades e mentiras ganharam velocidade. As pessoas foram substituídas por animais mais rápidos, que foram substituídos por rodas, que foram substituídas por máquinas. Com a internet, registrou-se incremento: além da instantaneidade, sobressai a multiplicação.

O avanço, porém, nem sempre pode ser comemorado. Por desinformação ou má-fé, pessoas e instituições se aproveitam das mídias sociais para espalhar notícias fraudulentas, capazes de mudar o rumo de acontecimentos e causar prejuízos à saúde pública.

É o caso da eleição de Donald Trump, do plebiscito do Brexit e da divulgação de desinformações sobre a Covid-19. No contexto da crise sanitária que atinge os cinco continentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fala em infodemia – composto de informação e pandemia.

O coronavírus, que surpreendeu os mais de 7,5 bilhões de habitantes da Terra, gerou avalanche de informações, algumas precisas, a maior parte incorreta. O volume é tal que, segundo a OMS, “tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se necessita”.

A resposta à desinformação é aumento da ansiedade, das doenças mentais e da negligência nas medidas indispensáveis à contenção do vírus. Remédios milagrosos, como tomar água morna com limão para combater a Covid-19, foram generosamente compartilhadas pelas redes sociais apesar dos alertas médicos.

Teorias da conspiração também ganham força nestes tempos de restrições. Motivadas pela notícia de que a tecnologia 5G contribui para espalhar o coronavírus, moradores do Reino Unido incendiaram 20 torres de telecomunicações usadas para comunicação. O fato que motivou o vandalismo, vale lembrar, não tem nenhuma base científica.

É importante — não só em relação à pandemia, mas também aos temas em geral — desconfiar sempre. Em vez de “orai e vigiai” como manda o Evangelho, vigiai e orai. A mudança na ordem das orações sugere uma espécie de autocensura. Parafraseando o aviso que aparece ao lado dos trilhos do trem, pare, olhe e avalie. Sem certeza, não compartilhe. 

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