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Prévia do PIB: engatamos a primeira marcha?

Yuri Romão
Empresário e diretor da LCR Seguros

Publicado em: 30/07/2020 03:00 Atualizado em: 30/07/2020 06:36

O indicador conhecido como “prévia do PIB” nos mostrou (sem máscaras) o poder do coronavírus. Com tantos setores no prejuízo, os estados brasileiros atingiram situação mais preocupante do que o que em outras crises globais. Um exemplo que podemos puxar pela memória foi a crise do subprime, em 2008.

Mas como “não há bem que sempre dure e mal que nunca se acabe”, eis que a queda do PIB já diminui o ritmo. Dá para respirarmos aliviados? Infelizmente está cedo demais, mas voltamos a fazer planos. Mesmo que a recuperação venha devagar, a estabilização no número de novos casos de infectados e a menor procura por leitos nos hospitais nos deixa mais otimistas para correr atrás do que ficou parado no período de maior isolamento social.

Vejamos a produção industrial de Pernambuco, que em maio se destacou como o melhor resultado do Nordeste e o segundo maior desempenho do país. O IBGE divulgou que a produção estadual cresceu 20,5%, em comparação com o mês anterior. Os dados não deixam de ser animadores em meio a tantas notícias tristes, como, por exemplo, as 80 mil vidas ceifadas em nosso país pela Covid-19.

Sabemos que o estado é polo distribuidor de alimentos e bebidas para toda a região, e a eficiência da cadeia garantiu um resultado de destaque para a indústria como um todo. Pernambuco só ficou atrás do Paraná. Destaque-se ainda que o estado continuou a atrair grandes indústrias e atacadistas nos últimos meses, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.

A retomada das atividades produtivas no estado, mesmo que de forma gradual e com as restrições impostas pelo “novo normal”,  também tem permitido que as empresas resgatem seus projetos. Claro que problemas como escassez de crédito, aumento das exigências de garantias reais e a burocracia por parte dos bancos, comprometem a expansão da economia em formato de “V”, com dizem os economistas. Mas as adversidades ainda têm sido abrandadas, por enquanto, por medidas como a flexibilização dos contratos de trabalho e a injeção de crédito na praça, via auxílio emergencial.

Para o mercado de seguros, segmento em que atuo, também conta a favor o fato de termos taxas de juros muito baixas, que ajudam as empresas e empreendedores na elaboração e execução de projetos de longo prazo. Como se sabe, a manutenção de investimentos no meio corporativo permite a contratação de produtos de seguros específicos para empreendimentos em ramos diversos. Até porque, na quarentena ou não, há riscos e é preciso assegurar áreas que demandam investimentos mais robustos, como infraestrutura, energia e construção civil. Como também, suas forças de trabalho, bem maior de qualquer corporação.

Com otimismo, li que o Banco Central tem enxergado sinais de recuperação. Que junho e julho devem manter esse clima de retomada. O BC divulgou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), nosso “sinalizador” do PIB, teve alta de 1,31% em maio. Em outros tempos pareceria pouco, mas agora todo avanço conta - já engatamos a primeira marcha para sair da estagnação.

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