Diario de Pernambuco
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Dr. Arraes é o patrono

Raimundo Carrero
Membro da Academia Pernambucana de Letras
raimundocarrero@gmail.com

Publicado em: 27/07/2020 03:00 Atualizado em: 27/07/2020 05:57

Queiram ou não queiram os juízes, dr. Arraes é de fato campeão. Aproveito o hino carnavalesco, tão cantado em Pernambuco e no Brasil, para homenagear Miguel Arraes de Alencar, simplesmente dr. Arraes, agora Patrono da política pernambucana, conforme decisão da Assembleia Legislativa.

Fiz questão de chamá-lo dr. Arraes para me aproximar um pouco da voz do  povo que assim o nomeava, apesar do dr. que lhe dava, ao mesmo tempo, grandeza e simplicidade. A simplicidade que lhe era própria, com uma incrível capacidade de dialogar com as pessoas humildes, esperando dele uma única palavra.

O que não faltava. De tal maneira que ele criou uma frase exemplar: “O possível, a gente faz; o impossível, o povo ajuda”. Por isso entre dr. Arraes e o povo se criou uma identidade muito forte, jamais apartada, mesmo naqueles momentos dramáticos, como o hiato do exílio, cruelmente criado pela elite.

Nascido no Ceará, fez de Pernambuco o seu reinado, espalhando frutos por todo o Brasil. De tal forma que “veio a força e o mal que a toda força faz”, para lembrar o verso magnífico de Belchior. O mesmo Belchior  que celebrou a beleza e o sangue desses cearenses cheios de raça.

Participei do terceiro governo Arraes na qualidade de presidente da Fundarpe, para desagrado e tristeza de uma meia dúzia de palacianos. Durante minha gestão, contei com o apoio irrestrito de Dr. Arraes e do meu secretário, o grande Ariano Suassuna.

Esta pequena parcela de infelizes sofreu dores e aflições, mas conduzi a Fundarpe a bom termo até me tornar secretário-adjunto de Ariano, então secretário da Cultura em 1998. Foi uma honra imensa. Um dia eu conto esta história em livro.

Comecei a admirar dr. Arraes ainda muito cedo, quase menino. Vi pela primeira vez à distância, ali em minha casa em Salgueiro, quando ele fazia comício ao lado de dr. Severino, no coreto, nas proximidades da igreja hoje catedral.

Lembro-me perfeitamente, tinha 12 anos, e estava de férias do internato do colégio Salesiano. Dr. Arraes vestia um terno creme e era entusiasticamente aplaudido pelo povo! sertanejo...

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