Na constituição das paisagens urbanas, as avenidas, substantivos femininos definidos pela gramática, são consideradas o coração das orbes, artérias essenciais de fluxo de tráfego e de pessoas, bem como é onde pulsam polos comerciais vitais e também assumem o papel de elo de ligação imprescindível no ir e vir da cidade e suas gentes.

Entregue quatro meses antes do prazo e melhor surpresa e presente aos recifenses pós-retomada gradual dos segmentos econômicos da cidade, a Nova Conde da Boa Vista é um deleite visual e é chegada a hora de agradecer e revelar alguns detalhes desta importante intervenção urbana que garantiram o sucesso pleno da obra.

É fato inconteste que grande parte do sucesso foi garantido graças a um planejamento prévio eficaz, feito com a humildade necessária para ouvir todos aqueles que queriam contribuir, por termos estudado a fundo todas as possíveis soluções, mas sobretudo considero que o diferencial maior do êxito é que tudo isso só foi possível por conta delas: as mulheres envolvidas no projeto.

A contribuição feminina na Nova Conde da Boa Vista subverte a ordem dos logradouros da cidade. Apesar de serem maioria da população, apenas 5% de todas as mais de 11 mil vias do Recife possuem nomes de mulheres. Substantivo feminino, a avenida ostenta o nome do Conde da Boa Vista, mas em seu DNA a marca indelével das profissionais será eternizada na paisagem e na memória afetiva da cidade.

Colocaram seu empenho no projeto nomes como o da executiva da obra, a arquiteta Maria Eduarda Campos, que mostrou dedicação e competência na condução do planejamento e na fase de execução, acompanhando pessoalmente os serviços em campo com sua assistente, Natália Tenório. Também é colaboradora neste importante projeto Fernandha Batista, então diretora de Manutenção Urbana da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana e (Emlurb), profissional que começou os estudos técnicos da intervenção.

Assinam ainda esse esforço multidisciplinar e institucional Cíntia Rafaela Lima Dos Santos, diretora-executiva de Projetos e Obras da Emlurb, engenheira que, mesmo durante os dias mais duros da pandemia, estava todo o tempo administrando os contratos e terminando por Marília Dantas, que também exerceu o cargo de diretora de Manutenção da Emlurb, responsável pela obra e que agora também desbrava a história recifense da manutenção urbana ao ser a primeira presidente da Emlurb desde sua fundação.

Também contribuíram para a Nova Conde da Boa Vista o Núcleo de Arquitetura da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), em boa parte composto por mulheres, a diretora de Planejamento e Projetos da Autarquia de Urbanização do Recife (URB), a arquiteta Rúbia Campelo, e sua equipe, bem como a engenheira Taciana Ferreira, presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), responsável pelo ordenamento do tráfego e proposições de integração entre modais com priorização para o transporte público de passageiros e, sobretudo, pedestres, também com instalação de rotas cicláveis no entorno.

Graças ao seu inestimável protagonismo, é perceptível que os detalhes que mais marcam a Conde da Boa Vista, como o cuidado com acessibilidade plena e o paisagismo estabelecido, contaram com o olhar acurado delas, profissionais hábeis e que promoveram a hercúlea tarefa de devolver à população uma obra moderna, eficiente e com olhar humanizado de olho no exercício pleno da cidadania na ocupação da via e seus diversos equipamentos.

Nós, homens, assim como eu mesmo, os diretores da Emlurb, presidentes dos Conselhos de Arquitetura, do Conselho de Engenharia (Crea-PE), arquitetos da Inciti – Pesquisa e Inovação para as Cidades, Paulo Montezuma e Luis Vieira; Padre Pedro Rubens, reitor da Unicap, bem como João Braga, secretário de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, todos sob orientação do prefeito Geraldo Julio, somos apenas coadjuvantes nessa, que considero a maior e melhor intervenção urbana feita na cidade, também muito aguardada pela população.

Agora é hora de a população assumir a Nova Conde da Boa Vista, entregar a ela seu sentido de pertencimento e usufruir do espaço e seus equipamentos, bem como zelar pelo bem público, que pertence a todos nós. Às profissionais envolvidas, é a elas a maior homenagem que a Prefeitura da Cidade do Recife faz nesta entrega. Obrigado.