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Editorial Amazônia na pauta

Publicado em: 09/07/2020 03:00 Atualizado em: 09/07/2020 03:06

O vice-presidente Hamilton Mourão encontra-se hoje com representantes de fundos de investimento e pensão internacionais que pressionam o Brasil por questões ligadas ao meio ambiente. Em junho, o grupo encaminhou carta a sete embaixadas brasileiras – no Japão, nos Estados Unidos e cinco na Europa a fim de pedir uma reunião para discutir o desmatamento da Amazônia.

Esta semana, líderes de quatro entidades setoriais e 38 empresas nacionais e estrangeiras entregaram a Mourão carta-manifesto em que demonstram preocupação com as queimadas na área e nos demais biomas. No texto, solicitam o combate ao desmatamento, medidas de preservação da floresta, adoção de mecanismos de negociação de créditos de carbono, pacotes de incentivo à recuperação econômica pós-pandemia.

O vice-presidente, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia — órgão colegiado formado por 14 ministérios — deu resposta tranquilizadora. Disse que, além de manter contatos com o grupo, as reivindicações apresentadas vêm ao encontro dos objetivos do colegiado por ele dirigido. Uma das medidas: a moratória por 120 dias das queimadas na Amazônia e Pantanal. Nos demais biomas, há permissão de forma controlada.

Em 2019, a iniciativa foi adotada por 60 dias e, posteriormente, prorrogada por igual período. Neste ano, começa com o dobro do tempo. Especialistas veem com otimismo o prazo inicial mais longo porque preveem que, estendido, chegará a oito meses. É bom. O sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que emite sinais de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento e degradação florestal, acendeu a luz vermelha.

Indicou aumento de 51% nos alertas de deflorestamento no primeiro trimestre – salto excepcional para a estação chuvosa. Na seca, o quadro deve se agravar. Mourão, que tem grande conhecimento da região, é hábil negociador. Promete jogar luz sobre o problema. “Vamos mostrar o que é a Amazônia Legal, o que é o bioma amazônico, a quantidade de terras protegidas, de terras indígenas, qual é o planejamento do governo para o meio ambiente.”

A torcida é que tenha êxito. Há interesse mundial pela Amazônia. Muitos estranham a preocupação. Atribuem-na a capricho ou a ingerência em assuntos internos. Na verdade, o problema ultrapassa essas particularidades. O planeta mira a maior floresta tropical da atualidade por três razões substantivas — a biodiversidade, o papel no regime de chuvas e a influência no clima. Não é pouco.

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