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A Ponte da Torre, aquela que nunca caiu!

Roberto Pereira de Carvalho Filho
Empresário e engenheiro
opiniao.pe@diariodepernambuco.com.br

Publicado em: 13/07/2020 03:00 Atualizado em: 13/07/2020 05:45

Em janeiro de 1978, Recife foi palco de um dos maiores micos da engenharia nacional. O DNOS (extinto no Governo Collor) contratou uma determinada construtora para reconstruir a Ponte da Torre. Era preciso elevar sua super estrutura e por esse motivo era necessário fazer a implosão da atual ponte. Essa construtora contratou um engenheiro japonês que era a sumidade da época, já tinha botado abaixo vários prédios em São Paulo.

Com a grande cheia de 1975 e o fenomenal boato que a Barragem de Tapacurá tinha rompido, obra executada para domar o Rio Capibaribe e evitar novas enchentes, tornaram a implosão da dita ponte um acontecimento de grande repercussão. O japonês virou celebridade local. Como o Brasil é uma terra onde até anão cresce, depois que o engenheiro japa posicionou as cargas de dinamite, meia tonelada no total, um exército de vigilantes foi contratado para evitar o roubo dos explosivos.

No dia da implosão, o repórter Francisco José, da Rede Globo, posicionou-se na cabeceira do lado da Rua Amélia e fez uma chamada ao vivo. A tensão cresce, as sirenes tocam e sinalizam a contagem regressiva. Chegou a hora! Um pipoco danado! A terra treme, poeira para todo lado. Depois de alguns instantes fica Francisco José todo sujo, parecia um banho de talco grosso, um verdadeiro horror, sacudia a lapela do seu blaser, dizendo: “É, parece que não foi desta vez que a ponte caiu!” Ainda houve uma segunda tentativa, com menos testemunhas, mas com o repetido fracasso. Foi uma decepção, ficamos com a ponte antiga do mesmo jeito até hoje, e o engenheiro japa tornou-se o primeiro desempregado do ano de 1978, além da chacota num frevo-canção.

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