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A inacreditável aliança

José Luiz Delgado
Professor de direito da UFPE
opiniao.pe@diariodepernambuco.com.br

Publicado em: 13/07/2020 03:00 Atualizado em: 13/07/2020 05:44

Nenhuma autoridade tendo para falar sobre assuntos médicos, não posso, no entanto, calar minha impressão geral (que pode estar erradíssima, é claro) sobre essa confusão da hidroxicloroquina, ivermectina, etc.

Esses remédios são eficazes (segundo testemunham muitos médicos respeitáveis) na fase inicial do vírus – o chamado “tratamento precoce” –, a ponto de reduzir significativamente ou até anular a mortalidade nas regiões em que vêm sendo empregados. Nas fases posteriores, não adiantam – e pesquisas feitas sobre essas fases são falsas desde a origem, porque investigam o que não precisa ser investigado (o remédio nas fases finais) e concluem generalizando (o remédio não presta). O receio de efeitos colaterais é ridículo. Uma, porque esse remédio (aliás, todo ele) deve ser tomado sempre sob supervisão médica e todo remédio admite efeitos colaterais; e, duas, porque é ele tomado de forma permanente, décadas a fio, por pacientes de outras doenças (malária, lúpus) sem graves malefícios – e não é racional que ele só seja perigoso quando aplicado contra a Covid, e somente por 5 dias...  

O que é espantoso é que médicos não admitam usar esse remédio, a pretexto da falta de “comprovações científicas”.  São desnorteados médicos que não sabem qual o papel da medicina, que não é fazer ciência mas curar o doente. Diante de moléstia nova, para a qual ainda não existem vacina ou medicação comprovadas, não podem recusar-se a tentar remédio, cujo efeito podem achar duvidoso, mas cujo respeito existem testemunhos sérios, alegando esperar comprovações científicas (que podem demorar anos) e deixando, enquanto isso, os pacientes morrerem.

Imagino que é a essas conclusões que se chegará daqui a algum tempo. Porque a verdade nunca deixa de prevalecer. O enigma é entender como isso pode estar acontecendo. Somente por paixão política, no Brasil, contra Bolsonaro? Mas o fenômeno parece mais mundial.

Por que essa rejeição do tratamento precoce? Pode ser que o que a explique seja estranha, absurda, improbabilíssima, inacreditável aliança. Entre o capitalismo (ou certo pior lado do capitalismo) e o comunismo. (Mas alianças de contrários não são inéditas na história: basta lembrar o acordo entre Hitler e Stalin...). Primeiro, parece que, segundo certa versão, interessava à poderosa indústria farmacêutica desacreditar a cloroquina, remédio barato, para empurrar um seu produto caríssimo. Dizem que ela teria financiado pesquisas deformadas e tendenciosas (o caso do famoso artigo da revista Lancet, entre outros), para condenar a cloroquina.

Em seguida, esse capitalismo patife terminou sendo apoiado... pela conspiração comunista internacional. Interessada em (a) criar o caos social, pelo pânico, e pela reclusão imposta a toda a população; (b) debilitar a economia dos países, reduzir ou aniquilar a atividade produtiva, fazer multidões ficar dependentes somente de auxílios governamentais escassos; e (c) abalar governos – e, no caso brasileiro, derrubar aquele com cuja vitória eleitoral não se conformam. Para isso, contam com a ajuda inestimável de boa parte dos chamados “formadores de opinião”, mídias que viraram partidos políticos, acadêmicos militantes, etc – uns sabendo perfeitamente o que estão fazendo; outros, os deploráveis “inocentes úteis” de sempre.

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