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Lembrando o Desfile das Campeãs

João Alberto Martins Sobral
Jornalista

Publicado em: 28/02/2020 03:00 Atualizado em: 28/02/2020 09:13

O Desfile das Campeãs, que coloca no Sambódromo do Rio as seis escolas mais bem classificadas no desfile oficial, foi uma ideia muito bem bolada, que acabou criando mais um dia de desfile, sempre com o público lotando as arquibancadas e garantindo um bom faturamento extra à Liga das Escolas de Samba. Fui há pelo menos 20 desses desfiles no sábado depois do carnaval. Como acontece amanhã.

Na primeira vez, fui por conta própria. Comprei um lugar numa das frisas que fica junto da passarela, com visual privilegiado dos desfiles. Naquela época, não custavam a fortuna de hoje e não foi difícil conseguir táxis para ir e voltar. Foi meu primeiro deslumbramento com o desfile, um dos maiores do carnaval do mundo. Encantado com a beleza das escolas, com a vibração do público. Sim, é bom dizer logo que as escolas de samba têm suas torcidas, no mesmo estilo dos times de futebol. A segunda experiência, já teve mais conforto, no camarote da revista Rio, Samba e Carnaval, no setor 5, que funcionou durante décadas.

Já na época o espaço mais disputado era o Camarote da Brahma. Foi minha terceira experiência e confesso maravilhosa. Na época, a cerveja disputava com a Antarctica o mercado brasileiro (depois as duas se fundiram). Era, então, uma das suas principais ações de marketing, reunindo nomes de destaque especialmente do eixo Rio-SãoPaulo. A mordomia era total. Desde a recepção no aeroporto à hospedagem no Rio Palace, na época um dos mais famosos da cidade. Convidados tinham que ir para o Porcão Rio, no Aterro do Flamengo, apresentar documentos e receber a camisa. Era também o ponto de concentração nos dias do desfile. Já no espaço, muita mordomia, com farto buffet e, claro, cerveja à vontade. Micro-ônibus saiam a cada 15 minutos em direção ao camarote, que ficava exatamente na fábrica da Brahma, juntinho da passarela do samba. Três andares reservados para os convidados, com uma bela decoração, buffets por toda parte. E uma área vip, para receber os convidados especiais, especialmente os artistas, que iriam gerar fotos para os órgãos de comunicação, especialmente a Fatos & Fotos, que tinha famosa edição pós-carnaval. Por toda parte do camarote nomes conhecidos, como cantores, jogadores de futebol, colunáveis. Tudo em clima de muita animação. Com um detalhe: muita gente conhecida que participava dos desfiles das escolas depois ia para o Camarote da Brahma.

Voltei pelo menos 10 anos ao espaço. Em alguns anos, junto com governadores, como Gustavo Krause e Jarbas Vasconcelos. Outro convidado especial foi Capiba. Este, aliás, acabou me dando um “problema” extra. A partir da terceira escola, havia o transporte de volta para o espaço no Aterro da Gloria, onde muitos táxis esperavam para levar de volta aos hotéis. Eu sempre voltava depois da terceira escola, mas com Capiba foi diferente. Ele quis ficar até o desfile final, com a escola campeã. Resultado: saímos às 6h, depois da última escola desfilar, exatamente a campeã.

Depois voltei ao Sambódromo algumas vezes. Em cinco, integrando um grupo organizado pela Moturismo, que sempre tinha mais de 100 participantes, num pacote que incluía passagem aérea, hotel, transfers e ingresso para uma frisa bem localizada. Muitos colunáveis integravam os grupos, alguns indo várias vezes. E, com Eduardo Campos, em 2012, agora no desfile oficial, para formar a torcida pela Escola Unidos da Tijuca, que homenageou Luiz Gonzaga e foi campeã do carnaval carioca.

Estes camarotes da Sapucaí, inspiraram os camarotes que funcionaram no desfile do Galo da Madrugada, no carnaval do Recife e Olinda, com grandes espaços, camisas oficiais, muita mordomia. A diferença que aqui têm cantores conhecidos. O Camarote da Brahma, não, no máximo, pequenos grupos musicais. A atração mesmo era o desfile das escolas de samba. Sempre um espetáculo impossível de não ser lembrado, tal sua grandiosidade e beleza.

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